Ainda são muitos os desafios para a valorização da mão de obra 50+ no Brasil. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), de 2020 e 2021, revelam que, mesmo considerando os impactos da pandemia de covid-19 que afetou a economia do país, todas as faixas etárias até os 49 anos apresentaram saldo positivo de vagas, situação bastante diferente dos 50+.
Os números, divulgados pelo Ministério do Trabalho e Previdência, apontam que mais de 500 mil postos de trabalho foram perdidos em 2020, e quase 170 mil no ano passado. Os dados se referem apenas ao mercado de trabalho formal. Embora, como nas demais faixas etárias, os números tenham melhorado entre 2020 e 2021, o saldo ainda é negativo entre os 50+.
Um exemplo de melhora no mercado de trabalho está na faixa etária de 40 a 49 anos. O país saiu de um saldo negativo de 251.837 vagas em 2020, e fechou 2021, com a criação de 229.045 vagas. Entre as pessoas de 50 a 64 anos, o saldo do primeiro ano da pandemia foi o pior de toda a população empregada brasileira, com a perda de 458.566 postos de trabalho.
Para Jorge Felix (Imagem: Reprodução), professor de Epidemiologia do Envelhecimento no curso de Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, “a economia não vai absorver a mão de obra madura dentro do modelo de uma economia financeirizada como a que vive hoje o mundo”. A tendência, segundo ele, é que o desemprego nessa faixa etária seja cada vez maior.
“Ingenuidade aflitiva”
Em sua tese de doutorado “Batalhadores depois dos 60: uma crítica aos tipos de integração do idoso no mercado urbano de trabalho” (2018), Felix, que é especialista em envelhecimento populacional e autor de dois livros sobre economia da longevidade, questionou pesquisas que traziam a ideia de que diante do envelhecimento do país, as empresas necessitariam da mão de obra mais velha ou que, automaticamente, ela cresceria dentro das empresas. O que não vem ocorrendo.
O professor acredita que há uma ilusão, o que ele chama de “ingenuidade aflitiva” quando se pensa que as empresas vão necessitar da experiência dos profissionais 50+. “Como se as empresas quisessem essa experiência, por quê? Porque dentro da lógica financeirizada de gestão das organizações, você tem uma desvalorização da qualidade. Você não quer muitas vezes dentro da empresa um trabalhador que vai apontar erros, não é? Então, muitas vezes, a experiência para essa lógica de gestão significa incômodo”.
Outro ponto, segundo Felix, é que tendo o resultado financeiro como prioridade nas empresas, a mão de obra madura é considerada mais cara. Já que, às vezes, os trabalhadores 50+ têm mais preparo e, consequentemente, salários mais altos.
Desregulamentação
Na avaliação do professor, o mercado tem absorvido a mão de obra madura para tarefas repetitivas, de baixo salário e em situações de relação trabalhista desregulamentada: “Na minha tese ‘Batalhadores depois dos 60’, eu concluo que você tem uma tendência de um aprofundamento de uma integração desqualificante do trabalhador de 50, 60+ no mercado de trabalho”.
Uma tendência que, de acordo com ele, ocorre em todos os níveis educacionais: “Claro que você vai ter mais nos níveis educacionais mais baixos, mas nos níveis educacionais mais altos também ocorre isso, com aquele que foi executivo de uma empresa, que de repente é demitido e vira consultor”.
A consultoria, segundo Felix, faz do trabalhador um prestador de serviço para a empresa, de forma intermitente, convocado apenas no momento em que precisam dele, o que não termina com a situação de desemprego: “Muitas vezes é preferível ter essa pessoa mais experiente longe, que você possa demandar quando precisar”.
Compensação para vagas
Em vez de buscar uma solução para esta importante parcela de trabalhadores, o país vem trilhando um caminho diferente. “O Brasil foi no caminho oposto. Ao ter a reforma trabalhista, foi no caminho da desregulamentação, e não criou nenhum tipo de proteção para essa mão de obra mais madura”, avalia.
A saída, apontada pelo professor, é uma regulamentação que beneficie os trabalhadores 50+: “Eu acho esse problema só será resolvido se o Brasil tiver uma legislação, como nos países de social democracia em que são legislações específicas que protegem esse trabalhador. E então as empresas, que empregassem esses trabalhadores com mais idade, teriam benefícios fiscais, enfim uma outra forma de compensação.”
Projeto
Tramita no Senado o Projeto de Lei 4890/2019 que propõe incentivos fiscais, pelo período de cinco anos, para a contratação de empregados com idade igual ou superior a sessenta anos. O texto, de autoria do senador Chico Rodrigues (DEM-RR), aguarda votação na Comissão de Assuntos Econômicos.
*Publicada originalmente no dia 7 de fevereiro.
Final da minha carreira, percebi a questão – especialmente – dos detentores de chefia, o que em Administração se chama de “Liderança Informal”. Fui “excluido” de Equipes de Projetos, para que não sobressaisse minhas ideias e a Administração me oferecesse uma chefia, ainda mais de nível de “Divisão” (equivalente de departamento)! Chegaram a desafiar minha “performance” com envio de Oficios, registrados e enviados pelos Correios, algo surreal, visto o email, poder ser mandado a vários destinos. O que não sabiam é que Administração do Tempo, a Eficiência e Eficácia, estavam no rol das minhas experiências profissionais! Atualmente, todos que “temiam” perder as chefias, as perderam, porque dois pontos importantes para Liderar: Conhecimento Inconteste da Área e ser bem Assessorado (modéstia a parte)!
Infelizmente relatos como o seu não são incomuns. As empresas ainda não perceberam o quanto perdem sem dar espaço para os talentos maduros.