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Teorias biológicas do envelhecimento

Cássia Elisa Rossetto Verga e profa. Dra. Thais Bento Lima-Silva*

Os indivíduos envelhecem de várias formas com base nas idades biológicas, sociais e psicológicas que se apresentam de forma diferenciada para cada sujeito. Logo, podemos compreender o envelhecimento como um processo sequencial, individual, acumulativo, irreversível, universal, não patológico, de deterioração de um organismo maduro e próprio a todos os membros de uma espécie.

Nesse contexto, também é importante frisar que o envelhecimento depende significativamente do estilo de vida assumido desde as fases mais jovens da vida (MOREIRA, 2017).       

Ao longo do processo de envelhecimento, é curioso observar que os órgãos, tecidos, células e estruturas sub-celulares apresentam envelhecimentos diferenciados. Nesse sentido, as teorias biológicas do envelhecimento visam examinar o assunto sob a ótica de degeneração da função estrutural dos sistemas orgânicos e celulares.

As teorias apresentadas no segundo capítulo do Tratado de Geriatria e Gerontologia (2017), se subdividem em duas: teorias estocásticas (proteínas alteradas, danos e reparos do DNA, catástrofe do erro, desdiferenciação, dano oxidativo e mudanças proteicas) e as teorias sistêmicas (teorias metabólicas, teorias genéticas, apoptose, teorias neuroendócrinas e teorias imunológicas).

As primeiras trabalham com a hipótese de que o processo de envelhecimento dependeria, principalmente, do acúmulo de agressões ambientais, enquanto as últimas entendem o processo no contexto controlado geneticamente (MOREIRA, 2017). A seguir, destacamos e resumimos as principais teorias biológicas do envelhecimento:

Teorias estocásticas

  • Teoria do uso e desgaste

Essa teoria afirma que o envelhecimento ocorre como resultado natural do organismo, também conhecido como senescência e dos seus diversos sistemas. Logo, com o passar do tempo, esses sistemas se desgastam e já não agem com sua plena capacidade. Em suma, a teoria se baseia na ideia de que o acúmulo ambiental do cotidiano, estilo de vida, entre outros fatores, ocasionam a diminuição da capacidade do organismo em se recuperar totalmente, levando a um desgaste, e por fim, com o envelhecimento humano, chegamos à finitude.

  • Teoria da mutação somática e do dano ao DNA

Nesta teoria a ideia principal é que fatores orgânicos poderiam causar alterações específicas na composição do DNA e nas células somáticas. Logo, falhas na reparação ou anomalias existentes promoveriam “golpes” aleatórios que comprometeriam a expressão de grandes regiões cromossômicas. Como consequência, a expressão inadequada de suas funções promoveriam o envelhecimento celular.

  • Dano oxidativo e radicais livres

A teoria do dano oxidativo e radicais livres foi proposta por Denham Harman em 1957. A pesquisadora postula que o envelhecimento seria consequente aos efeitos deletérios das espécies reativas de oxigênio nas organelas citoplasmáticas. Os principais pontos dessa teoria são: existem inúmeras espécies tóxicas de oxigênio que são produzidas durante o metabolismo normal; os metabólitos causam lesões em fosfolípidos, proteínas, DNA celular e mitocondrial; o estresse oxidativo influencia diretamente o controle de transcrição de DNA e a sinalização celular, além de vias bioquímicas das células.

Teorias sistêmicas

  • Teorias genéticas

Uma das teorias genéticas amplamente estudada é a teoria dos telômeros – complexos de DNA-proteína identificado nas extremidades cromossômicas. É observado que o tamanho dos telômeros é cada vez menor ao longo das replicações celulares e, quando chegam a um tamanho mínimo, a proliferação celular é interrompida. Com isso, considerou-se que a  estrutura funcionaria como um relógio genético responsável pela senescência.

  • Teorias neuroendócrinas e imunológicas

A teoria neuroendócrina-imunológica baseia-se em duas premissas referentes ao envelhecimento: (1) há declínio da capacidade funcional do sistema imune, conforme é evidenciado por resposta mitogênica diminuída das células T (respostas antivirais) e por resistência reduzida às infecções; (2) ocorre aumento da propriedade autoimune (elevação de anticorpos séricos). Também é válido citar a imunossenescência em que é caracterizada por resistência diminuída às doenças infecciosas, diminuição da proteção contra o câncer e redução da competência de autorreconhecimento, como ocorre nas doenças autoimunes.

            Em suma, várias são as teorias que procuram explicar o envelhecimento do ponto de vista biológico. Algumas enfatizam o possível controle genético do envelhecimento celular, outras as agressões externas a que são permanentemente expostas. É importante conhecê-las para que no processo de envelhecimento, possamos propor ações biopsicossociais para manter uma melhor qualidade de vida e um envelhecimento saudável, mesmo com os processos de senescência.

Autoras

Referências bibliográficas

MOREIRA, Virgílio Garcia. Biologia do envelhecimento. Tratado de Geriatria e Gerontologia, p. 13-22, 2017.

(Imagem principal: Hospice photo created by freepik – www.freepik.com)

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