Destacar boas práticas no atendimento à pessoa idosa na cidade de São Paulo foi o objetivo do Seminário “Retratos dos Serviços para Pessoa Idosa da Proteção Social Especial”, promovido na última sexta-feira, dia 7 de fevereiro, no salão nobre da Faculdade de Direito da USP, no centro de São Paulo. O evento foi realizado pela Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) por meio da Área Técnica de Idosos da Coordenação de Proteção Social Especial (CPSE).
O evento começou com uma linda apresentação cultural do coral do Centro Dia Bom Retiro, gerida pela Unibes (União Brasileiro-Israelita do Bem-Estar Social), que se despediu do salão cantando “Marancagalha” de Dorival Caymmi, em parceria com o público.
Depois foi a vez da mesa de abertura do seminário, composta por Nelson Alda Filho, coordenador de Proteção Social Especial; Rosa Maria Bruno Marcucci, da Área Técnica de Saúde da Pessoa Idosa da Secretaria Municipal de Saúde; Claudia Beré, promotora de Justiça de Direitos Humanos; Fernanda Dutra Pinchiaro, coordenadora do Núcleo Especializado dos Direitos do Idos e da Pessoa com Deficiência; Marly Feitosa, presidente do Grande Conselho Municipal do Idoso (GCMI); e Sandra Gomes, coordenadora de Políticas Públicas da Pessoa Idosa da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania. Ao centro, a responsável pela SMADS, Berenice Giannella.
Nelson Alda Filho abriu o evento destacando que houve importantes avanços, mas ainda há grandes desafios e questões a serem colocadas, principalmente as relações intersetoriais e entre as secretarias para uma ação interinstitucional assertiva. Na foto principal de Wagner Origenes (SMADS/Prefeitura de São Paulo), Nelson, Rosa Maria, Claudia, Berenice, Fernanda, Marly e Sandra.
Para Sandra Gomes, a temática da longevidade é transversal e o seminário contribuiu para mostrar a importância do envelhecimento com qualidade de vida, da garantia de direitos e da transformação da cidade de São Paulo em uma cidade amigável à pessoa idosa. Para ela, a capital é um retrato de políticas públicas e vitrine para todo o país.
Marly Feitosa, presidente do GCMI, ressaltou a necessidade de um seminário que discuta também a Proteção Social Básica e a importância dos serviços para idosos em situação de risco, sem renda, que sofrem com isolamento, discriminação e violência. E destacou os Núcleos de Convivência do Idoso, onde começou sua militância.
Assim como Nelson, Rosa Maria Bruno também salientou a importância de um trabalho integrado entre os serviços e as equipes de Saúde e Assistência Social para o enfrentamento real e um envelhecimento com qualidade de vida. Segundo ela, aproximadamente 98% da população idosa de São Paulo utiliza o SUS (Sistema Único de Saúde), mesmo aqueles que recorrem apenas para vacinação ou medicação.
De acordo com a representante da Área Técnica de Saúde da Pessoa Idosa, a maioria das pessoas idosas vivencia uma queda do poder econômico e a fragilidade dos vínculos familiares. Fatores que, segundo ela, contribuem para a vulnerabilidade, interferindo no processo de envelhecimento e afetando a saúde.
Fernanda Dutra e a promotora Claudia Beré falaram do trabalho do Judiciário na defesa dos direitos da pessoa idosa. Em 11 anos na Promotoria, Claudia contou que são contínuas as provocações para o diálogo entre a Saúde e a Assistência Social. Para ela, houve evolução e o desafio agora é ampliar a rede de atendimento para que todas as pessoas idosas possam se beneficiar. De acordo com o Sistema Seade de Projeções Populacionais, São Paulo deve ter 1,8 milhões de habitantes com 60 anos ou mais em julho deste ano, representando 15,2% da população da cidade.
A mesa de abertura do seminário terminou com a fala da secretária de Assistência e Desenvolvimento Social, Berenice Gianella. Ela também abordou o desafio do envelhecimento já que o número de idosos deve ser maior que o de criança em 2030 e salientou a meta da Prefeitura de São Paulo de alcançar o Selo Pleno SP Amigo do Idoso, concedido pelo governo do Estado, ainda este ano. O Selo Intermediário foi recebido pela cidade no mês passado (leia a matéria aqui).
Para a conquista do Selo Pleno, segundo a secretária municipal, é necessário implantar novos serviços, incrementar outros que estão em funcionamento e citou o exemplo do programa de consertos de calçadas, que deve contribuir para a redução de quedas de pessoas idosas. Berenice Giannella também destacou o programa habitacional Pode Entrar, lançado em dezembro de 2019, que terá vagas reservadas para pessoas idosas, permitindo que morem sozinhas e possam conviver com outras pessoas.
Mesa técnica
Claudia da Rosa Lima Romualdo e Juliana Gadini Finelli, da Área Técnica do Idoso da Coordenação de Proteção Social Especial da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) foram as responsáveis pela organização do seminário e em uma mesa técnica apresentaram os trabalhos desenvolvidos pela área em que atuam, como o aprimoramento do Sistema de Informação de Atendimento do Usuário e as visitas técnicas feitas aos serviços de Proteção Social Especial para o Idoso – Centros Dia, instituições de longa permanência e Centros de Acolhida Especial.
A aproximação também foi feita com as equipes técnicas dos CREAS (Centros de Referência Especializado de Assistência Social), Centro POP (Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua) e hospitais para a criação de um novo fluxo de encaminhamento que permitisse diminuir a fila de espera por serviços na cidade de São Paulo. As instituições de longa permanência para idosos (ILPI) devem ser o último recurso, de acordo com Claudia e Juliana. A data de solicitação mais antiga no sistema por uma vaga em ILPI para pessoas com grau II de dependência é de julho de 2018 e para grau III, novembro do mesmo ano.
O evento terminou com uma apresentação cultural de idosos do Centro de Acolhida Especial Morada Nova Luz, na região central de São Paulo. O local, gerido pelo Instituto Fomentando Redes e Empreendedorismo Social, o Inforedes, atende homens e mulheres independentes. Em versos e dança, eles mostram como o serviço faz a diferença em sua trajetória de vida. Veja mais sobre as boas práticas apresentadas no blog (clique aqui).
Balanço
Claudia Romualdo, Juliana Finelli e Nelson Alda conversaram com o blog Nova Maturidade no final do seminário e o balanço foi positivo. “Nós tivemos representados as pessoas que são atendidas nos serviços, profissionais que estão na ponta, do CREAS, Centros POP, que fazem a supervisão destes serviços, coordenadores, supervisores de Assistência Social, responsáveis por territórios inteiros. Também tivemos os profissionais da Secretaria que são representantes da Proteção Especial, do próprio gabinete e do sistema de garantia de direitos. A gente conseguiu reunir todas as pessoas envolvidas com a questão do envelhecimento e dar a visibilidade necessária para essa questão, para este atendimento que é realizado e que ainda é pouco divulgado”, avaliou Claudia.
Juliana diz que a ideia é repetir o seminário: “Temos esta intenção sim. Acho que essa foi a ideia, trazer pessoas envolvidas com o trabalho com as pessoas idosas, mas também da Saúde, de outros municípios. A gente reuniu pessoas para divulgar o nosso trabalho também, o quanto o nosso envolvimento dá certo, e a gente quer fazer isso sempre. É importante para os serviços inclusive, para que se sintam representados, se sintam vistos, porque a gente encara muitas dificuldades no dia a dia e é importante ter estes momentos de comemoração, de parabenizá-los”.
Para Nelson, o semiário foi além das expectativas: “Esse evento traz a necessidade de articulação de uma equipe técnica como é a nossa base de Proteção Especial de dar o alinhamento, a supervisão e acompanhamento. Nós vemos que é possível fazer a construção com a participação desde a Proteção Especial até o usuário. É para comemorar porque nós trabalhamos para as pessoas”.
O coordenador de Proteção Social Especial conta que está sendo organizado um espaço virtual de aprender social para profissionais que atuam direta e indiretamente na rede de atendimento com temas pertinentes ao envelhecimento, serviços e legislação para que o aperfeiçoamento seja contínuo. (Katia Brito)