Tempo amigo Maria Anastácia Manzano
Colunistas,Maria Anastácia Manzano

Tempo Amigo

Maria Anastácia Manzano*

Tempo, tempo mano velho, falta um tanto ainda eu sei / Pra você correr macio (Pato Fu)

Esta semana cortei meu cabelo. Meus pais estão aqui em casa, então pedi ao nosso cabeleireiro que viesse fazer um serviço no atacado. Após mais de quatro meses sem cortar, o rapaz passou a tarde e ganhou o dia. Se tivéssemos que pagar por quilo, a despesa ia ser grande.

De minha parte, resolvi assumir meus lindos cabelos brancos. Pelo menos por enquanto. Já tirei uma foto e postei nas minhas redes sociais. Todos estão elogiando. Seja por gentileza ou porque gostaram, estou agradecendo a atenção dispensada. Nada como o carinho da família e dos amigos para aumentar nossa autoestima quando estamos assim, meio para baixo.

Claro que, ao observar minhas têmporas, a questão do tempo veio bater na minha cachola. Ainda bem que, como já mencionei nesta coluna, sou otimista e acredito que o amanhã será sempre melhor que o hoje. O tempo passa e as transformações ocorrem, isto não há como negar. Sinto que meu corpo não tem mais aquele vigor dos meus vinte anos, mas para compensar minha mente tem mais discernimento que aquela época.

Se os recursos e as decisões daquele tempo me limitavam e me constrangiam, hoje tenho segurança para assumir mais riscos e responsabilidades que a liberdade permite. Saudosismos, só mesmos para as pessoas queridas que me esperam no outro plano, e das músicas que nem eram do meu tempo.

Quero começar a seleção de hoje com uma música que meu primo querido me enviou. Ele compartilhou comigo nossos roqueiros de estimação, também de cabelos grisalhos e voz um tanto rouca, mas o mesmo espírito jovem da nossa adolescência. O clássico da Legião Urbana, Tempo Perdido. Esse meu primo sabe o que é bom!

Também já contei a vocês que gosto muito de estudar. Gilberto Gil, na sua fantástica Tempo Rei pede ao Pai que nos ensine o que ainda não sabemos e que transforme as velhas formas do viver. Grande poeta esse nosso Gil.

Um diálogo com o tempo é o que trava Nana Caymmi na canção Resposta ao Tempo, recordando um amor que perdeu.

Caetano Veloso vê o tempo como um Senhor a quem podemos pedir acordos, prazeres e benefícios, nesta linda Oração ao Tempo, a quem ainda se reúne e se vincula. Muito sensível! 

Espero, caro leitor, que você sinta que não perdeu seu tempo ao disfrutar o texto de hoje, e que aproveite estes momentos de quarentena de maneira muito produtiva, afinal o tempo passa, o tempo voa … e nós continuamos aqui, firmes e fortes, aceitando nossas transformações temporais, modificando as que são possíveis e abraçando aquelas que precisamos acatar. Vamos viver felizes no nosso tempo!

*Maria Anastácia Manzano

Especialista em Musicoterapia, dirigente de Dança Sênior e em breve gerontologista, Maria Anastácia Manzano (Foto by papai Crispin) é colunista do blog Nova Maturidade. As publicações serão quinzenais, mas temporariamente temos o privilégio de textos semanais.

Confira o currículo completo e a coluna de estreia Brincar com música: para além do cantar e tantas outras já publicadas no link. O trabalho de Anastácia no blog Nova Maturidade tem também encantado quem trabalha em prol do envelhecimento saudável como Rosemeire Silvestre, do Criativaidade Araras. Leia aqui.

Fale com a colunista: anastacia@novamaturidade.com.br ou deixe seu comentário.

(Imagem principal de Myriam Zilles por Pixabay

Você também pode gostar...

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *