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A atuação do gerontólogo como medida de políticas públicas para o envelhecimento

Dia do Gerontológo - artigo profa. dra. Thaís Bento
Profa. Dra. Thais Bento Lima da Silva*

Desde o surgimento do termo Gerontologia, proposto pelo cientista Elie Metchnikoff no início do século XX, para descrever o estudo científico da velhice e do envelhecimento, estudiosos tem discutido a legitimidade da Gerontologia como uma disciplina. Embora a constituição da Gerontologia em disciplina ainda esteja em processo nas grades curriculares de muitos cursos de ensino superior no Brasil. Sugere que ao aceitar a definição de disciplina como uma profissão ou ocupação que compartilha conhecimentos e habilidades, a transformação da Gerontologia em uma disciplina também marca sua transição para se tornar uma profissão.

O curso de Bacharelado em Gerontologia teve início em março de 2005 e representa um marco importante na história da Gerontologia Brasileira, visto que foi o primeiro curso de graduação nacional. Até esta data, a formação em Gerontologia ocorria em cursos de pós-graduação de caráter stricto e lato sensu

O curso foi proposto por docentes da Universidade de São Paulo, que compuseram um grupo de trabalho, que tinha como objetivo propor cursos inovadores que seriam sediados no campus leste da Universidade de São Paulo (USP), na Escola de Artes, Ciências e Humanidades. Estes cursos deveriam responder às demandas da sociedade brasileira contemporânea.

No ano de 2009, na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), foi criado o segundo Curso de Bacharelado em Gerontologia em instituição pública. O curso pretende que o egresso seja capaz de atuar na gestão da velhice saudável e na gestão da velhice fragilizada, pautando-se em princípios éticos e científicos da atenção à saúde do idoso. Que o profissional seja apto a atuar em contextos multiprofissionais e interdisciplinares na perspectiva da gestão de diferentes questões que surgem individual e coletivamente na velhice.

Diante das demandas de cuidado, o profissional deve compreender, criar, gerir, desenvolver e avaliar formas de apoio ao idoso e seus cuidadores familiares e profissionais, considerando as questões biológicas, psicológicas e sociais da velhice.

Formação em Gerontologia

O número de profissionais com formação neste campo é reduzido, mesmo quando consideramos os médicos geriatras e outros profissionais das  áreas da saúde e social com especialização em Gerontologia. A formação dos profissionais pós-graduados é longa e dispendiosa, e somente um número reduzido de profissionais atinge este nível educacional. Além disto, existem poucos programas de pós-graduação em Gerontologia no Brasil. Por outro lado, o profissional pós-graduado traz para o envelhecimento uma visão especializada oriunda de sua formação original.

O bacharel em Gerontologia recebe formação generalista e integrada sobre o fenômeno do envelhecimento e a velhice, como categoria etária e social, e está preparado para refletir criticamente sobre as especificidades deste processo e deste grupo, pesquisar sobre temas gerontológicos, propor, implementar, gerenciar e avaliar programas e ações nesta área.

Diante do crescente número de idosos, principalmente em países em desenvolvimento como o Brasil, preparar os profissionais para atuar na gestão do envelhecimento e da velhice é muito importante tanto para a área da saúde como da assistência social. Aproximando do aniversário de 17 anos da criação do primeiro curso de Gerontologia no Brasil, alguns desafios em relação ao processo de regulamentação do profissional Gerontólogo ainda permeiam as discussões dentro e fora da universidade. Além disso, a inserção deste profissional no mercado de trabalho é gradativa quando comparado as demais profissões.

Destaca-se que a relação dos processos de formação de recursos humanos na atuação com idosos é relativamente nova no Brasil, assim como em outros países de baixa e média renda no cenário mundial.  O crescimento das universidades brasileiras e, dentro delas, da oferta da variedade crescente de cursos alinhados com as novas necessidades da sociedade, resultou na criação de novos cursos de graduação e pós-graduação, dentre eles os de Bacharelado em Gerontologia.

A criação da associação profissional e dos conselhos profissionais que possam legitimar as ações dos gerontólogos deve ser vista como um caminho de consolidação profissional e neste sentido reconhece-se a importância da Associação Brasileira de Gerontologia, como pioneira frente à identidade do profissional da categoria do gerontólogo na sociedade.

E que ações como comemorações em datas institucionais para o envelhecimento, para a gerontologia e para pessoa idosa, têm sido promovidas com frequência, pelos gerontólogos, entidades estudantis de Gerontologia e pela Associação Brasileira de Gerontologia, assim como realização de capacitações profissionais, educação sobre o ciclo de vida, e estratégias para desmistificar mitos e estereótipos acerca do envelhecimento, por meio de ações educativas, intergeracionais em serviços e instituições da esfera pública e privada.

Thaís Bento Lima-Silva
*Profa. Dra. Thais Bento Lima da Silva

Gerontóloga formada pela Universidade de São Paulo-USP. Docente do curso de Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), e coordenadora do curso de pós-graduação em Gerontologia da Faculdade Paulista de Serviço Social (FAPSS).

É pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Também é membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer – Regional São Paulo, diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG) e assessora científica e consultora do Método Supera.

(Imagem principal: Old family photo created by prostooleh – www.freepik.com)

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