Com mais de oito mil inscritos de diferentes locais do Brasil e também de outros países, o MaturiFest 2020, totalmente online, surpreendeu quem acompanhou os quatro dias de evento com uma rica programação para os 50+. Confira no blog Nova Maturidade, destaques do evento da Maturi que reuniu 60 especialistas e convidados. Foram diversas palestras e painéis com temas como empreendedorismo, ressignificação do trabalho, desafios da longevidade, velhofobia, aprendizado ao longo da vida (lifelong learning), psicologia positiva e bem-estar, multigerações, propósito, marca pessoal e liderança.
O MaturiFest marcou também o lançamento da plataforma MaturiAcademy, apontado como o Netflix da Maturi, terá conteúdo voltado para os 50+ em diferentes formatos. Segundo Mórris Litvak, em sua fala no primeiro dia do MaturiFest, a plataforma terá conteúdo exclusivo com a participação de profissionais especialistas em maturis, que conhecem as necessidades e demandas para ajudar quem quer se atualizar e se reinventar. Vale a pena acompanhar!
A abertura do MaturiFest foi especial com o tema Reinventando o envelhecer pós-pandemia, reunindo Alexandre Kalache, referência mundial em envelhecimento e longevidade, e presidente do Centro Internacional da Longevidade Brasil (ILC, sigla em inglês), e Mara Luquet, jornalista especializada em finanças e economia.
Kalache, com 74 anos, 35 deles dedicados à temática do envelhecimento, inclusive como diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), disse estar muito feliz com a idade que tem, porque “envelhecer é bom, morrer é que não presta”. Em sua fala, ele destacou de onde vínhamos, onde estamos e para onde vamos. Partimos da revolução da longevidade, o envelhecer como uma grande conquista, mas também com muitos desafios, como a falta de políticas adequadas e a realidade de muitos: “um smartphone na mão e um pé no esgoto”.
Os pilares do envelhecimento ativo também foram destaque na fala de Kalache, otimizando oportunidades para a saúde, aprendizado ao longo da vida, participação, proteção e segurança. Segundo ele, ”você pode participar da sociedade se lhe derem o direito, que às vezes é negado” e a aposentadoria remete a aposento, e “eu vou envelhecer na sala da frente”. Outros pontos importantes são propósito e resiliência.
Falando do presente, do onde estamos, Kalache enfatizou que as mazelas sociais não foram forjadas pela pandemia de Covid-19, que apenas escancarou a forma com a maioria da população está vivendo, envelhecendo prematuramente e mal, sem acesso á saúde e educação de qualidade. No horizonte, o aumento da recessão econômica, da pobreza, aumentando as desigualdades. Um risco para a solidariedade fundamental entre as gerações, silenciando idosos e outra grave questão são as pessoas mais velhas que não se veem como idosos.
O empreendedorismo e o aprendizado ao longo da vida são saídas apontadas por Kalache, já que em uma crise sempre há oportunidades. De acordo com ele, “uma coisa é certa, de todos os recursos naturais o mais importante são as pessoas mais velhas”. Ele alerta que o Brasil fará parte em breve do grupo de 64 países com mais de 30% da população 60.
As pessoas 60+ podem ser recursos produtivos importantes, se tiverem direito à participar, acesso à saúde e conhecimento. O momento é de uma ressignificação da velhice, de valorizar o que temos de precioso como a saúde e os relacionamentos. Uma vida construída com propósito de autovalorização.
Oportunidades e desafios
A jornalista Mara Luquet, recentemente se uniu a outros profissionais mais experientes e inaugurou um canal de jornalismo no YouTube: o MyNews. Em uma das séries produzidas por eles sobre os 50+ especialistas apontaram que está ativo o mercado de trabalho para os 60+ para cargos que exigem mais experiência e resiliência, principalmente neste período de pandemia. E no mundo das startups, as empresas que conseguem ter sucesso contam com diferentes gerações de talentos.
Porém, Mara alerta que é preciso estar aberto para poder se reinventar, com disposição para ouvir novas verdades e reaprender. Outro grande desafio é para as mulheres que correm risco de chegar à maturidade em situação de pobreza, se não parar para pensar um pouco mais em si mesma. Uma situação que leva a perda de autonomia. (Katia Brito)