Maria Anastácia Manzano*
É melhor ser alegre que ser triste, alegria é a melhor coisa que existe, / é assim como a luz no coração … (Vinícius de Moraes)
Essa é uma das canções preferidas do meu pai, e ultimamente temos cantado com frequência juntos. Tenho feito isso porque ele gosta, mas também para priorizar sentimentos positivos frente à enxurrada de notícias tristes e preocupantes que estamos recebendo nos últimos meses sobre saúde e economia.
Não precisa ser nenhum cientista para saber que a música nos faz bem. Nos anima quando estamos chateados, nos relaxa quando estamos cansados, nos une quando estamos distantes. Neste momento de incertezas, quando estamos por um lado protegidos em nossos lares, por outro distantes de familiares e amigos, a música pode ser nossa companheira para superar os conflitos e a solidão. Assim, quero propor aos leitores algumas brincadeiras musicais que vão além do cantar, e que possam divertir e contribuir com o bem-estar das famílias neste momento.
Comecemos com a brincadeira Da palavra à música. Escolha uma palavra que comece com a primeira letra do seu nome. Por exemplo, usarei meu primeiro nome Maria, letra M, escolho a palavra mundo. Os demais participantes devem cantar músicas que contenham a palavra mundo na letra. Por exemplo: Meu mundo caiu, e me fez ficar assim … Maysa, lembra? É triste, mas quem não se diverte fazendo caras e bocas cantando? E você, conhece outra música com a palavra mundo? Qual a primeira letra do seu nome? Que palavra você escolhe? Vai ser divertido.
A próxima atividade é Siga o maestro, uma atividade com o corpo. Com uma música bem ritmada, como A Banda, do Chico Buarque, vamos fazer movimentos sentados, com braços, pernas e pés, batendo as palmas, uma na outra, nos joelhos e coxas, levantando braços, joelhos e pés, do mesmo lado e alternando. O maestro do grupo indica os movimentos para os demais copiarem. Procure usar todas as combinações. Você é um bom maestro ou é melhor deixar outro reger o seu grupo? Forró, Axé, Reggae, ou músicas da Jovem Guarda são ótimos ritmos para se mexer.
Para quem anda um pouco preguiçoso com a leitura e a escrita, uma dica é o Campeonato da Letra Corrida. Divida seu grupo em equipes. Pegue lápis e papel, escolha uma música e tente transcrever a letra apenas escutando a canção. O grupo deve combinar quantas vezes vão ouvir a canção para transcrevê-la. Eu sugiro não mais que duas. Depois comparem com a original, que pode ser encontrada facilmente na internet, e verifiquem que equipe acertou mais. Aqui a sugestão vai para Ivan Lins com Novo Tempo, Djavan com Sina, Tom Jobim e Elis Regina com Águas de março. O desafio é grande e no fim é cantar a uma só voz!
E para exercitar a criatividade da turma que tal uma Paródia? Pode parecer difícil assim numa primeira vez, mas que tal começar com uma cantiga de roda, trocando apenas algumas palavras e depois com a prática vai aumentando as trocas até obter uma canção completamente nova numa fôrma antiga. E para motivar aí vai a minha versão: O cravo saiu com a rosa, debaixo da chuvarada, o cravo ficou quebrado e a rosa toda molhada.
Essas são algumas ideias para você se divertir com música e a sua família. Invente outras. Conte-me como foram suas experiências musicais neste período de quarentena. Reinvente sua convivência em casa e com as pessoas queridas à distância. Boa diversão! (Imagem principal de Dieter_G por Pixabay)
*Maria Anastácia Manzano
Bióloga de formação pela Universidade de São Paulo (USP), com mestrados nas áreas de Ciência (USP) e Educação para a Ciência (Unesp). Apaixonada por música, comecei a estudar flauta, piano e violão aos 10 anos e fiquei distante por um tempo dedicada ao ensino superior. Recentemente voltei às partituras, aos instrumentos e principalmente ao canto e hoje sou Especialista em Musicoterapia e dirigente de Dança Sênior.
Integrando minha formação acadêmica com toda minha experiência profissional e de vida, atuo na estimulação cognitiva por meio da musica exclusivamente com pessoas idosas em atendimentos individuais e em grupo, em domicílio e Instituições de longa Permanência. Estou concluindo uma especialização em Gerontologia nas Faculdades Paulista de Serviço Social e assim pretendo continuar na atenção à pessoa idosa e investindo a fundo no meu próprio processo de envelhecimento saudável também.