Saúde & Bem-estar

Cirurgias de catarata diminuem no país durante a pandemia no país

A pandemia de coronavírus está agravando doenças que podem levar à perda da visão, como a catarata. Levantamento do DATASUS mostra que, no comparativo entre 2019 e 2020, o número anual de cirurgias de catarata no Brasil caiu cerca de 38%. No primeiro ano da pandemia, foram 357,8 operações, enquanto no ano anterior foram 576 mil procedimentos.

Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, presidente do Instituto Penido Burnier (IPB), esta redução é bastante preocupante, diante dos cerca de 120 mil novos casos de catarata que surgem ao ano.  O último levantamento do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), do qual o médico faz parte, também mostra que hoje a catarata rouba a visão de 769 mil brasileiros, o que representa 49% dos 1,57 milhão que não enxergam.

A perda da visão decorrente da catarata no Brasil está acima dos 45% que ocorre no restante do mundo, conforme pesquisa publicada na revista científica, The Lancet. A catarata senil, segundo o especialista, é caracterizada pela perda progressiva da flexibilidade e transparência do cristalino, lente transparente que fica atrás da íris, parte colorida do olho.  O embaço dificulta a penetração da luz e a visão nítida conforme envelhecemos.

Sintomas

Queiroz Neto afirma que muitos pacientes são diagnosticados durante uma consulta de rotina quando ainda não percebem a doença. “Por isso nem sempre é necessário passar pela cirurgia, único tratamento, logo após o diagnóstico”, salienta. O ideal é operar quando os óculos já não oferecem correção satisfatória e por isso a visão começa atrapalhar atividades rotineiras como ler, dirigir, acompanhar aulas, palestras ou reuniões online.

Os sinais que indicam a catarata são: mudança frequente do grau dos óculos, perda da visão de contraste, dificuldade para dirigir à noite ou enxergar em ambientes escuros, visão dupla em um dos olhos, enxergar halos ao redor da luz, ofuscamento (fotofobia) em ambientes ensolarados ou bem iluminados.

Ao contrário do que muitos imaginam, Queiroz Neto afirma que a catarata não é uma exclusividade do envelhecimento, embora a maioria dos casos seja entre pessoas com 75 anos ou mais. “Embora menos frequente, a catarata também pode surgir entre jovens que têm alta miopia, casos na família ou que sofrem algum trauma na região da cabeça”, avisa Queiroz Neto. Há ainda a catarata congênita que responde por 40% dos casos de cegueira na infância e é causada as doenças infecciosas contraídas pela mãe durante a gestação.

Efeitos na saúde

O oftalmologista afirma que de acordo com diversos estudos a evolução da catarata aumenta a chance de quedas, fraturas ósseas, isolamento, depressão e insônia. “Olhos com catarata dificultam a penetração no globo ocular da luz azul durante o dia. Este comprimento de luz orienta a secreção de hormônios que regulam nosso estado de vigília e à produção de melanopsina responsável pelo controle de nosso relógio biológico. Por isso, mais da metade das pessoas com catarata perdem o sono, ganho de peso, aumento da glicemia e colesterol”, pontua.

Os efeitos conjuntos da catarata, segundo Queiroz Neto, funcionam como uma verdadeira bomba em nosso organismo. O único tratamento para catarata é a cirurgia que pode recuperar a visão para todas as distâncias mesmo em pessoas que já estavam cegas pela catarata. O procedimento, realizado com anestesia local, consiste em substituir o cristalino opaco pelo implante de uma lente intraocular.

O especialista afirma que o paciente é liberado no mesmo dia após a cirurgia. Ele explica que por uma incisão de dois milímetros na borda da íris, parte colorida do olho, é retirado o cristalino opaco e inserida uma lente intraocular. As atividades podem ser retomadas no dia seguinte. Colírio lubrificante, antibiótico e anti-inflamatório podem ser recomendados para evitar complicações posteriores.

(Fonte: LDC Comunicação / Instituto Penido Burnier (IPB) / Imagem principal: Mulher foto criado por rawpixel.com – br.freepik.com)

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