Tecnologia e inovação em design foi tema de palestra
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Congresso destaca inovação, design e saúde

Tecnologia e inovação estiveram no centro das palestras e debates do III Congresso Brasileiro de Gerontecnologia (veja mais sobre o evento aqui). A robótica social e de companhia foi um dos temas do primeiro dia de palestras, na sexta-feira, dia 11 de outubro. Com a presença da foca bebê Paro, um robô para fins terapêuticos, e o NAO Robot, criado orginalmente para ajudar crianças com autismo. Também em debate jogos cognitivos e tecnologia de informação, com a presença de Fabio Ota, da ISGame (leia mais sobre ele no link) e Graciela de Brum Palmeiras, da Universidade de Passo Fundo.

Destaque, porém, para a mesa sobre “Tecnologia e Inovação na Educação de Idosos”, conduzida pela profa. dra. Beatriz Cardoso Lobato, da Universidade do Triângulo Mineiro. Participaram a profa. dra. Meire Cachioni da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (Each) da USP; o prof. dr. Johannes Doll, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que é vice-presidente da Sociedade Brasileira de Gerontecnologia, e ainda o prof. dr. Luis Sinésio Neto, da Universidade Federal do Tocantis.

Segundo Meire, as gerações atuais de idosos ainda são  consideradas o grupo etário mais distante das novas tecnologias. Enquanto, tecnologia e inovação mais envelhecimento representam um grande potencial na velhice. E apontou que os idosos têm um sendo menor de autoeficácia quando o assunto é tecnologia digital.

Autoeficácia, segundo a definição trazida por Meire, é como um julgamento que o indivíduo faz acerca de suas capacidades e habilidades para agir em um domínio específico, sendo base para motivação e bem-estar. Afinal, segundo ela, não adianta desenvolver um trabalho com quem duvida da própria capacidade. No LabEducação 60+ da USP, Meire e sua equipe desenvolvem o projeto Idosos On-line desde 2007.

Emoções

O prof. Joahnnes Doll abordou emoções e tecnologia. Para ele o desafio do aprendizado está em abandonar algo conhecido para algo desconhecido. A decisão está entre mudar e aprender ou permanecer. E entre as emoções que impactam na inclusão digital de pessoas idosas estão o medo de errar, insegurança e raiva por não conseguir.

Por outro lado, segundo o vice-presidente da SBGTec, há o orgulho por entender e a vitória sobre o medo. As emoções, segundo o professor, acompanham todo o processo de aprendizado e podem se tornar uma barreira insuperável ou um motor para aprender. 

Tocantins

O prof. Luis Sinésio Neto falou de tecnologia e inovação, trazendo o exemplo da Universidade da Maturidade (UMA), criada na Universidade Federal do Tocantis há 13 anos. O projeto tem como base a tecnologia social, definida pela Fundação Banco do Brasil, como produtos, técnicas ou metodologias reaplicáveis, desenvolvidas na interação com comunidade e que representam efetivas soluções de transformação social. 

O papel da universidade, segundo o professor, vai além do assistencialismo e da responsabilidade social. A extensão universitária e tecnologia social devem ser realmente interativas, proporcionando inclusão social e qualidade de vida. A Universidade da Maturidade, segundo o professor, é um projeto político-pedagógico feito com os idosos e não para os idosos. O projeto já está sendo levado para outras cidades fora do Tocantins.

Saúde digital

A mesa que abordou “Saúde digital na sociedade em envelhecimento” reuniu os profs. drs. José Flávio Viana Guimarães, da Universidade Federal de Uberlândia; Chao Lung Wen, da Faculdade de Medicina da USP, e Fábio Leonel, do Hospital das Clínicas.

O professor Chao Lung Wen luta não pela telemedicina em si, mas por um ecossistema de saúde conectada, com a reorganização de todo o sistema de saúde e a criação de uma cadeia integrada de saúde. Este novo ambiente, segundo ele, permitiria uma gestão da saúde remota e orientação para pacientes e familiares para uma responsabilidade compartilhada com supervisão por telemedicina.

Professor Fabio destacou a telemedicina

A telemedicina/telessaúde foi destacada também pelo prof. dr. Fabio Leonel. Segundo definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), trazida por ele, trata-se da oferta de serviços ligados aos cuidados com a saúde, nos casos em que a distância é um fator crítico, ampliando a assistência e a cobertura. A resolução revogada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), que trata de telemedicina, não impede sua prática, apenas uma atualização do que já é previsto no capítulo V do Código de Ética. Saiba mais no link.  

As possibilidades em geriatria e gerontologia para a telemedicina, de acordo com o professor, são para assistência domiciliar em instituições de longa permanência, cuidados de transição, pós alta hospitalar, centros dias, gerencialmente de crônicos e controle de sintomas em Cuidados Paliativos. E para avançar na telemedicina é necessário amadurecimento do mercado, formação de recursos humanos, fomento de pesquisa & desenvolvimento, políticas públicas, entre outras. Outro desafio é a segurança digital e a proteção de dados.

O dia terminou com a apresentação de trabalhos científicos e projetos voltados para inclusão digital, tecnologias digitais, acessibilidade e uso de tecnologias, como também tecnologia e inovação no cuidado, na reabilitação e segurança, e na saúde e bem-estar. Pesquisadores vindos de diferentes pontos do país como Minas Gerais, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal.

Design 

O último dia do congresso, no sábado, dia 12 de outubro, foi dedicado à tecnologia e inovação voltada para o design. A abertura foi com a conferência “Design for Aging”, do prof. dr. David Frolich, da Universidade de Surray, na Inglaterra. Segundo ele, os produtos existentes devem ser reinventados para ganhar valor, acessibilidade e se tornarem atrativos para o público idoso e também para as pessoas mais jovens.

O prof. dr. Fausto Oris Medola (em destaque na foto principal) apresentou trabalhos desenvolvidos na disciplina de Design Inclusivo e no Centro Avançado de Desenvolvimento de Produtos da Unesp de Bauru, no interior de São Paulo. A definição trazida por ele destaca o design inclusivo como uma estratégia que tem já nas primeiras etapas do processo o compromisso em projetar produtos e serviços que contemplem amplos grupos de usuários sem a necessidade de adaptações posteriores.

Outro ponto destacado foi a necessidade de fugir dos estigmas dos dispositivos assistivos que levam ao abandono e baixa adesão. Ele apresentou novos designs de próteses, por exemplo, que atendem da melhor forma os usuários, sendo realmente eficientes, simples, agradáveis e desejáveis.

Políticas públicas

Wilson José abriu sua fala afirmando que é preciso resistir para existir

“Prioridades das políticas públicas para o envelhecimento: inspiração, conexão e suporte” foi o tema do prof. dr. Wilson José Alves Pedro, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Sua primeira fala foi resistir para existir. O professor apresentou marcos em políticas públicas e ressaltou a importância dos Conselhos do Idoso, como também das conferências, consideradas por ele espaços fundamentais para deliberação de políticas públicas.

O papel das universidades também foi salientado por ele na formação de recursos humanos, produção de conhecimento, fomento de ações de extensão universitária, entre outros. Ele finalizou sua apresentação destacando as contribuições da gerontecnologia na construção da equidade e a universalidade do acesso às tecnologias no contexto do envelhecimento.

Reabilitação

A mesa “Tecnologia e Inovação na reabilitação de idosos” foi mediada pelo prof. dr. Venceslau Coelho, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Participaram a profa. dra. Monica Perracini, da Universidade Cidade de São Paulo (Unicid) e Fabiana Almeida, fundadora e CEO da startup TechBalance. A empresa foi uma das vencedoras da Chamada de Negócios da Longevidade (veja a matéria aqui).

Segundo Monica, o Brasil está muito aquém do que deveria ser em termos de reabilitação, há dificuldade de acesso e também falta de serviços. Enquanto que com o envelhecimento da população, maiores serão as chances de multimorbidades (mais de uma doença) e limitações sensoriais, físicas e ou cognitivas, ou seja, maior será a  demanda por reabilitação.

Monica palestrou sobre reabilitação e tecnologia

A reabilitação gerontológica, de acordo com a definição trazida pela professora, tem como objetivo ajudar as pessoas idosas a gerenciar suas atividades pessoais no dia a dia sem assistência de outra pessoa. E se isto não for possível, o objetivo é minimizar a necessidade de ajuda externa por meio do uso de técnicas (intervenções adaptativas) e equipamentos. Processo que, segundo Monica, deve ser multidimensional e centrado na pessoa, não na doença, na disfunção, no problema ou na idade.

O uso da tecnologia para reabilitação, segundo Monica, traz vantagens como a facilidade de ser remota, reduzindo a necessidade de deslocamento, e ainda engajamento e conectividade. Porém há desafios como a sustentabilidade, acessibilidade financeira, privacidade e confidencialidade de dados e a criação de modelos participativos.

Mercado

O III Congresso Brasileiro de Gerontecnologia ainda abordou temas como o cuidado no contexto hospitalar; o mercado de trabalho e caminhos profissionais para os 50+; marketing e mercado 60+; oportunidades, desafios e demandas para o público maduro na era digital; economia da longevidade, avanços em tecnologia mobile e tecnologia no apoio à pessoa com demência. (Katia Brito)

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