Os Conselhos de Idosos, tanto na esfera estadual como municipal, têm um papel fundamental na defesa de direitos e de melhores condições de vida para a população idosa. Por isso, o blog Nova Maturidade traz uma entrevista especial com o presidente do Conselho Estadual do Idoso de São Paulo, Tomas Freund. “Antes de mais nada, é um prazer estarmos conversando novamente, e desejo um Feliz Ano Novo para você, e todos os leitores, com muita saúde, paz, realizações, sempre proporcionando para a pessoa idosa uma vida e um envelhecimento com dignidade e respeito”. O blog é que agradece. Acompanhe a entrevista:
Nova Maturidade: O Conselho Estadual do Idoso já retomou as atividades neste ano?
Tomas Freund: Sim, na verdade não interrompemos nossas atividades. Mantemos nossas reuniões plenárias mensais, e nossas atividades rotineiras da secretaria executiva, mesa diretora e comissões. Em janeiro, devido às restrições sanitárias decorrentes da pandemia, ainda estamos trabalhando virtualmente. Estamos acompanhando a situação para decidir o melhor momento para voltar às atividades presenciais.
NM: Quais as principais questões debatidas no Conselho Estadual?
Tomas: Discutimos nas últimas reuniões de 2020 um levantamento que fizemos da situação nos municípios (necessidades, aspirações, expectativas) com foco na pessoa idosa. Questionamos todos os Conselhos Municipais. Obtivemos muitas respostas, mas devemos voltar a contatar todos para aprofundar a questão. Assim poderemos fazer propostas de políticas públicas e verificar a adequação das políticas públicas estaduais para a pessoa idosa.
NM: Qual deve ser o foco de ações do Conselho neste ano?
Tomas: Uma prioridade nossa é aproximarmo-nos dos Conselhos Municipais, para fazermos um trabalho coerente com as necessidades regionais e locais. Nesse sentido estamos planejando atividades de apoio, capacitação e informação direcionadas aos Conselhos Municipais.
Sem dúvida, continuamos também sempre atentos, a possíveis questões relacionadas aos direitos ou condições de vida da pessoa idosa, atuando sempre que necessário em sua defesa. Também, acredito que devemos trabalhar para divulgar os Conselhos, no sentido de mostrar para a sociedade a sua importância, trabalhando sempre no incremento da participação sociedade civil, através dos Conselhos, na defesa dos direitos da pessoa idosa.
NM: Uma das ações do Conselho é a campanha para o Fundo Estadual do Idoso. Qual a importância do Fundo?
Tomas: A importância do Fundo é clara. O Fundo permite que o Conselho Estadual, assim como os Conselhos Municipais financiem atividades e projetos que beneficiem a comunidade idosa do Estado, complementando as ações do Estado. Importante ressaltar que falamos em complementar as ações do Estado, e nunca substituir o Estado, eximindo-o de suas responsabilidades.
Estamos divulgando o Fundo para obter um incremento de doações e da destinação de parte do Imposto de Renda de pessoas físicas e jurídicas.
NM: Como as pessoas podem colaborar com Fundo Estadual?
Tomas: Todos podem colaborar divulgando o Fundo, e a possibilidade de colaborar com doações ou a destinação na hora do imposto para os fundos municipais e para o Fundo Estadual. No caso do Fundo Estadual, estamos divulgando no nosso site e através de vários meios a maneira de fazer esta doação. O mesmo pode ser feito pelos Conselhos Municipais. Ainda esse ano pretendemos publicar mais um edital para financiamento de projetos pelo Fundo Estadual do Idoso.
NM: Você acredita que deveria ser revista a retomada das atividades presenciais com pessoas idosas diante do avanço da nova variante do coronavírus e dos casos de gripe?
Tomas: Pessoalmente acredito que não é o momento. Acredito que ainda estamos vivendo uma situação que exige cuidados redobrados, e que não precisamos nos expor e organizar ou participar de atividades que promovam aglomeração.
Devemos ficar atentos às orientações das autoridades da saúde em relação à vacinação e cuidados preventivos. Obviamente atividades essenciais devem ocorrer. Sabemos do sofrimento que essas restrições causam, e acredito que tanto nós pessoalmente, quanto famílias e instituições devem fazer o máximo para minimizar suas consequências. A solidão pode causar o adoecimento e também pode matar.
NM: Quais serão os principais desafios para a garantia de direitos e a implantação de novas políticas públicas para a pessoa idosa neste ano?
Tomas: Em primeiro lugar devemos estar atentos às políticas emergenciais em relação à pandemia. Assim como fizemos no início da campanha de vacinação, quando por interferência e pressão nossa, os residentes e funcionários de ILPIs (instituições de longa permanência para idosos) foram incluídos no primeiro grupo a ser vacinado, precisamos estar atentos para atuar rapidamente em caso de necessidade. Da mesma maneira precisamos cuidar do processo de volta à normalidade quando este for possível. Muita coisa ficou por fazer, que não pode ser esquecida.
NM: Um dos desafios para os municípios é a fila de espera para uma vaga nas instituições de longa permanência. O que precisaria ser feito para reduzir a fila de vagas para as ILPIs?
Tomas: O atendimento a essas pessoas deve ser prioridade. As prefeituras e o governo do Estado devem somar esforços para atendê-las. Algumas dessas situações apareceram no levantamento que fizemos. Para que possamos atuar frente à Secretaria do Desenvolvimento Social e intermediar essas reivindicações, é importante a troca constante de informações com os Conselhos Municipais. Como disse, essa é uma das nossas prioridades.
NM: Pensando que é um ano eleitoral, você acha que a pauta do envelhecimento deve ser incluída no programa de governo dos candidatos? Na sua opinião, por que isso ainda não ocorre?
Tomas: Sem dúvida é uma pauta que deve ser incluída nos programas de governo. Vamos incluir na programação do Conselho Estadual essa discussão, para formular propostas como sugestão para todas as partes, e estamos sempre prontos para discutir esta pauta. Infelizmente, vivemos uma época onde vemos ao mesmo tempo um descrédito na política, como a polarização e radicalização de posições. Isso desestimula a participação e centraliza a discussão em torno de nomes e pautas que não necessariamente são as principais para a população idosa.
Não nos esqueçamos que esse ano também teremos eleições para o Conselho Estadual do Idoso. O Conselho é um importante marco da democracia participativa, para garantir a presença e participação da sociedade nas políticas públicas e na fiscalização da ação governamental. Precisamos trabalhar para incentivar cada vez mais a participação da sociedade no Conselho.
NM: Como estimular a participação da população idosa no processo eleitoral?
Tomas: Acredito que a divulgação de atividades, a visibilidade dos conselhos como um instrumento concreto de participação ẽ sempre um meio de estimular a sociedade a participar. Isso deveria ser uma preocupação constante dos Conselhos e da mídia. Deve ser uma pauta prioritária tanto do Conselho Estadual quanto dos Conselhos Municipais.