Maria Anastácia Manzano*
Fiz uma casinha branca lá no pé da serra pra nós dois morar… (Elpídio dos Santos)
Nestes pouco mais de três meses desfrutando intensamente nossas casas lembrei-me do que disse meu tio quando entrei na universidade e me mudei para outra cidade: “pode começar a contar”, ele falou, referindo-se à quantas vezes eu me mudaria de casa.
Naquele momento eu não imaginava que, trinta anos depois, eu residiria em sete cidades e quatorze casas, em três estados de três regiões do Brasil. Também posso afirmar que ainda me sinto disposta a mais mudanças se as oportunidades surgirem ou, sendo mais poética, o destino assim desejar.
Com o tempo minhas casas passaram a ter menos enfeites e mais histórias. Sempre foram locais de reunião de amigos para churrasco, macarrão feito em casa, sessões de filmes, pouso para quem vinha de longe. Sempre tive cachorros e nunca consegui ter jardim bonito pois a ala canina da família preferia buracos e terra fofa.
Interessante pensar na versatilidade dos móveis. O armário que começou no quarto guardando roupa de cama e banho, passou pelo escritório, foi para despensa, lavanderia e acabou como sapateira.
Hoje vivo em um apartamento no centro da cidade. Se por um lado é prático e tenho tudo o que preciso por perto, sinto falta da companhia dos meus cachorrões e de poder sacudir a toalha de mesa no quintal. Tudo bem, nada que uma visita à casa, chácara e sitio dos amados tios e tias não resolva. Não espalhem, mas sou a sobrinha mais querida.
E quanto às canções? Como esquecer da Casinha Pequenina onde o nosso amor nasceu? Para mim a voz de Nara Leão traz recordações de uma certa casinha amarelinha na beira da praia, com uma varanda a debruçar sobre o mar.
Já Henricão e Rubens de Campos fizeram sua casinha na beira da praia da Marambaia, e Maria Bethânia canta Só vendo que beleza!
Mas Casa de Bamba mesmo é a de Martinho da Vila, apresentado aqui pelo conjunto Originais do Samba.
Na casa de João, Mato Grosso e Joca, que não tive muita sorte, mas que vive no coração de todo paulistano, cantada pelos Demônios da Garoa. Nossa Saudosa Maloca do inesquecível João Rubinato, ou melhor, Adoniran Barbosa.
Para encerrar, a Casa de Campo com a qual sonham todos os amantes da boa música. Senhoras e Senhores, Elis Regina!
*Maria Anastácia Manzano
Especialista em Musicoterapia, dirigente de Dança Sênior e em breve gerontologista, Maria Anastácia Manzano é colunista do blog Nova Maturidade. As publicações serão quinzenais, mas temporariamente temos o privilégio de textos semanais. Confira o currículo completo da nossa colunista e a coluna de estreia Brincar com música: para além do cantar no link.
Fale com a nossa colunista: anastacia@novamaturidade.com.br