Pesquisadora, consultora em moradia para pessoa idosa e membro do Conselho Estadual do Idoso, Inês Rioto é especialista em moradia para pessoas idosas. No evento “Moradia 60+: Presente e futuro”, realizado no dia 12 de dezembro na USP (veja mais no blog), ela apresentou um panorama mundial das opções de moradia oferecidas ao idoso, destacando que nos países desenvolvidos esta questão é pensada desde os 55 anos.
Além de exemplos da Espanha, Estados Unidos e Japão, Inês Rioto destacou projetos como na Itália que indica uma nova tendência de envelhecer com os amigos e na Inglaterra, o primeiro desenvolvido para a co-habitação, criado apenas para mulheres mais velhas. Com idades entre 50 e 87 anos, sozinhas, elas buscam manter a dignidade e a independência na velhice.
No México, a pesquisadora destacou uma iniciativa voltada para prostitutas idosas, e na Suécia, para as velhices LGBTs. Outro exemplo apresentado foi a convivência entre universitários e idosos na Holanda, onde todos moram juntos sem vínculos sanguíneos. Semelhante ao programa Aconchego, da cidade do Porto, em Portugal, onde idosos acolhem estudantes com dificuldades de alojamento.
E também na Holanda, uma vila projetada especialmente para idosos com demência. São casas diferenciadas que permitem que possam continuar a executar suas tarefas diárias e manter uma vida social de acordo com o estilo de vida de cada um. Em meio a tantos exemplos também nacionais (veja mais clicando aqui), como o Grupo de Articulação para Moradia do Idoso da Capital (Garmic), coordenado por Olga Quiroga, de 83 anos, Inês Rioto trouxe a pergunta: e quem não tem onde morar? Pessoas em situação de rua, indígenas, quilombolas, ribeirinhos, o público LGBTQI+?
Para todos
Outro destaque foi projeto Cidade Amiga do Idoso, transformado pelo Centro Internacional de Longevidade (ILC, sigla em inglês), que tem entre os diretores Egídio Dórea e Inês, em Cidade pra Todas as Idades. A iniciativa é desenvolvida com parceiros como o Conselho Municipal do Idoso, poder público, acadêmicos e empresas, que recebem apoio para, entre outras coisas, criar mecanismos para envolver ativamente as pessoas idosas e elaborar um plano de ação.
As propostas de moradia apresentadas na Conferência Estadual também foram destacadas pela pesquisadora Inês Rioto. Uma delas pede a alteração do artigo 38 do Estatuto do Idoso que prevê a reserva de no mínimo de 3% das unidades habitacionais construídas no município e no Estado para pessoas idosas, no âmbito federal, e propõe o mesmo aumento no âmbito estadual. Porém, segundo Inês, isto já é uma realidade na cidade de Santos, e em Bauru, uma lei municipal determina o percentual de 14%.
No âmbito estadual, a outra proposta foi a criação do projeto piloto Vila dos Idosos em todo o Estado de São Paulo, beneficiando todos os municípios com inclusão do programa de locação social com total acessibilidade nas unidades habitacionais e no entorno.
Já no âmbito federal foi a criação e instalação de projetos de moradia compartilhada, com espaço mais adequados aos idosos, com o objetivo de ser moradia autossustentável, de melhorar sua qualidade de vida e promover sua inserção na sociedade da qual faz parte e com acessibilidade total.
Soluções?
Para Inês Rioto, as soluções para o problema da moradia são encontradas quando se reúne representantes de universidades, empresários, investidores, poder público e sociedade civil. E não se trata apenas de ter um teto e quatro paredes, é preciso ser atendido por serviços públicos essenciais. Conheça mais sobre o trabalho da pesquisadora no site Plenitude Ativa. Clique aqui. (Katia Brito)