Nova Maturidade

Especialistas debatem propósito, futuro e empreendedorismo

Refletir sobre Futuro, propósito e multigerações, como proporcionou um dos painéis do Maturifest 2020, evento realizado pela Maturi no início de julho, é fundamental para entendermos o hoje e o que está por vir. O painel foi muito bem conduzido pela gerontológa Tássia Chiarelli e contou com a participação de Beia Carvalho e Nelio Bilate.

Palestrante futurista, Beia tem uma empresa que faz as pessoas refletirem e se inspirarem sobre o futuro. Segundo ela, propósito não tem a ver com ganhar dinheiro, ter sucesso ou ser reconhecido, mas como independência, com a razão de ser. E trabalhar em algo com protagonismo e empatia, de forma leve e harmônica, reverbera nas outras pessoas.  

A geração Baby Boomer, os nascidos no pós-guerra entre os anos de 1964 e 1964, como Beia que tem como contemporâneos o ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e a cantora Madonna, romperam padrões, têm bagagem, energia e poder de decisão. Sobre o convívio com outras gerações, ela acredita que diante da complexidade do mundo é preciso estar junto de outras pessoas e interagir.

A Covid, segundo Beia, destruiu o muro entre o online e off-line, o que favorece novas ideias de negócios e comprova que há muito a aprender, por isso a importância de estudar sempre, não apenas o ensino formal.

O propósito, de acordo com Nelio, especialista em cultura organizacional e desenvolvimento humano, é exponencial, não é algo linear, está vivo e ligado à inovação, impacto e experimentação. É preciso ter um verbo de ação que, no caso dele são: amar, transformar e mover, e que a pessoa esteja abundante em amor, luz, força e coragem.

Um chamado para o que te incomoda, para um eterno frio na barriga que faz vibrar, isto para Nélio é propósito. O momento é de parar de falar e agir, quebrar crenças limitantes e não ter medo do autoconhecimento e de ser autêntico. A autorrealização, de acordo com ele, está na conexão com valores e a essência, afinal a única pessoa do planeta que teremos que conviver a vida inteira somos nós mesmo. E como disse seu pai: “O mundo vai ter o tamanho que você quiser”.

Gerações

Autora dos livros: “Empreendedorismo no mercado da longevidade” e “Tecnologias e Envelhecimento Ativo”, Tássia Chiarelli destacou no painel sobre Futuro e Propósito a importância do poder das redes e do aprendizado ao longo da vida para o envelhecimento ativo. Segundo ela, multigeração não significa intergeração, ou seja, trocas entre pessoas de idades diferentes. O diálogo entre as gerações é valioso, as conversas e experiências compartilhadas com pessoas mais experientes certamente tem impacto no dia a dia de cada um.

Empreendedorismo

Os Desafios e oportunidades para empreender agora também foram debatidos no Maturifest, com mediação da jornalista Patrícia Travassos, adepta do lifelong learning (aprendizado ao longo da vida). Uma das palestrantes foi Ana Fontes, fundadora da Rede Mulher Empreendedora (RME). Ela afirmou que a transformação digital se tornou o caminho para os negócios. E no mundo pós-pandemia deve haver um equilíbrio entre o presencial e o online.

O importante para quem quer empreender, segundo Ana, é estar ligado o tempo inteiro no que acontece, porque em tudo há um aprendizado. É fundamental estar aberto a ouvir coisas diferentes, de mais de uma fonte de informação, sem desespero por ser ou não o melhor.

A abertura para o novo também é essencial, segundo Marcelo Nakagawa, professor de inovação e empreendedorismo. Ele apontou a necessidade de aumentar conexões e buscar mentores, ou seja, pessoas que tenham conhecimentos diferentes e opiniões que ajudem a tomar decisões. Da mesma forma, é essencial o autoconhecimento.

O empreendedor José Carlos Vasconcelos, fundador da TeleHelp, destacou que há um aumento de demandas e serviços para o público sênior, e uma ideia pequena para se tornar um grande negócio. Para ele, é um equivoco pensar que aquele negócio já existe, sempre há a possibilidade de criar um serviço melhor, com características próprias.

Trabalho

A adaptabilidade é uma das competências que faz toda a diferença, segundo Sofia Esteves, presidente do Conselho do Grupo Cia. de Talentos, no painel Como me preparar para o novo mundo do trabalho?. É importante ter a capacidade de lidar com pessoas diferentes, sem julgamentos prévios, tentando entender de forma positiva e sem gerar conflitos. Com 58 anos, Sofia acredita que o seu diferencial para os jovens e que ela é jovem há muito mais tempo.

Para Sofia, a contratação de pessoas 50+ é estratégico para as empresas, que terão a maturidade e visão que falta aos jovens. Mas o mundo do trabalho está em transformação e é preciso estar atento às oportunidades para se manter ativo e remunerado.

As empresas, segundo Ruy Shiozawa, CEO do Great Place to Work Brasil, estão encontrando estratégias para aproveitar os talentos maduros, o que se reflete nos resultados, especialmente neste período de crise econômica. Como exemplo, há programas de estágio para os 50+ e profissionais aposentados que compartilham sua experiência ao receber jovens estagiários e trainees. Uma pesquisa em breve deve destacar as empresas com melhores práticas para os 50+.

O mediador foi Ricardo Sales, consultor de diversidade e pesquisador sobre políticas de diversidade nas organizações. Fundador da Mais Diversidade, segundo ele, o desafio é driblar a resistência para garantir o avanço da diversidade e da representatividade. Recentemente, foi lançado o Fórum Gerações e Futuro do Trabalho com a participação de grandes empresas no canal do YouTube da Mais Diversidade. Acesse aqui.

Leia mais sobre o Maturifest 2020 aqui no blog Nova Maturidade, que destacou importantes palestras e painéis evento totalmente online, realizado em quatro dias. (Katia Brito)

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