O evento Despertando a Sociedade para a Saúde do Cérebro, realizado no dia 17 de setembro, no Teatro Gazeta, em São Paulo, pelo Supera em parceria com a Associação Brasileira de Gerontologia (ABG), reuniu um grande time de especialistas, debatendo questões importantes sobre demências e a Doença de Alzheimer. A curadoria foi da profa. dra. Thais Bento Lima-Silva, gerontóloga, pesquisadora, professora da graduação em Gerontologia da EACH-USP e assessora científica e consultora do Supera. Ela também é parceira do blog Nova Maturidade.
Uma das questões abordadas pelos palestrantes, em mais de uma ocasião, foram fatores de risco que podem ser modificados para a saúde do cérebro e assim reduzir a chance de desenvolver uma demência. Como citou a Dra. Jerusa Smid, na abertura, ao lado da dra. Sônia Brucki e o dr. Paulo Caramelli (UFMG), é possível reduzir em até 1/3 a prevalência de demências, corrigindo a perda auditiva, mantendo-se ativo, cuidando do coração e mantendo uma dieta saudável. A dra. Jerusa é neurologista e faz parte do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento (GNCC), do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC/FMUSP), assim como a dra. Sônia.
A importância da atividade física e da nutrição inclusive foi tema de um painel sobre como são estratégias de promoção do envelhecimento saudável com a participação do prof. Fabio Lira e a dra. Myrian Spinola Najas, ambos da Unifesp. Segundo o professor, hoje vivemos uma epidemia de inatividade física, que é o fator primordial para a instalação de doenças crônicas. Myrian destacou a importância dos alimentos para a mobilidade, motilidade, e desempenho mental e visual de pessoas idosas.
Super idosos e a memória
O dr. Adalberto Studart Neto, neurologista também do GNNC do HC/FMUSP, destacou, em um painel anterior do evento focado na saúde do cérebro, os “Super-Agers”, chamados de super idosos, são pessoas com 80 anos ou mais que têm a memória preservada, semelhante a se tivessem 50 anos. Esse foi o tema pesquisado por ele em seu doutorado.
O neurologista frisou que nem toda dificuldade de memória é doença, podendo ser causada por estresse, falta de sono e uso de remédios, entre outros. Segundo ele, não é possível comprovar cientificamente porque essas pessoas conseguem manter a memória, se seria algo genético ou não, por exemplo, porém, as pessoas pesquisadas por ele têm em comum uma vida ativa, com desafios intelectuais, convívio social e cuidam da saúde física.
Estimulação cognitiva
A estimulação cognitiva foi outro tema abordado para a saúde do cérebro com destaque pela profa. dra. Mônica Sanches Yassuda (EACH-USP e HC/FMUSP), ao lado da profa. dra. Thaís Bento. Mônica contou sobre a mudança que fez em busca de um envelhecimento ativo, incluindo em sua rotina a prática regular de atividade física e o aprendizado de uma nova atividade: a cerâmica. Como ela bem disse, “sabemos o que temos que fazer, o que nos falta é a decisão”.
Apesar do declínio apresentado por algumas pessoas, como explicou a profa. Mônica, é possível fazer esforços compensatórios com atividades que sejam estimulantes e prazerosas, incluindo novos aprendizados, que podem ser de forma individual ou em grupo, é o que propõe a estimulação cognitiva.
A profa. Thaís destacou a importância da educação nesse processo, já que a escolaridade é um dos fatores de risco modificáveis para redução da chance do desenvolvimento de demências, da mesma forma que as atividades sociais. Ela salientou o ensaio clínico que vem sendo desenvolvido pela Gerontologia da EACH-USP em parceria com o Supera para avaliar a eficácia da estimulação cognitiva a longo prazo.
Família, olfato e resiliência
A convivência familiar foi o tema da profa. dra. Deusivânia Falcão, especialista na temática. Ela destacou o papel das mulheres, já que na maioria as filhas se tornam cuidadoras e fazem parte da “geração sanduíche”, se dividindo entre o trabalho, os cuidados com as pessoas mais velhas e os filhos. Outro ponto foi o cônjuge diante do diagnóstico da demência, que vivencia sentimentos como de um casamento “interrompido”, “solidão a dois” ou um “luto antecipado”.
A professora ressaltou ainda o divórcio “grisalho” e a questão do familismo, quando se coloca a família sempre em primeiro lugar, contribuindo para o dilema vivido com base nas crenças sobre o casamento e o cuidar. Com o diagnóstico da demência, segundo ela, reavalia-se o papel no casamento, busca-se ressignificar a relação, e é importante contar com uma rede de suporte e estratégias de enfrentamento.
Os professores doutores Herton Coifman e Viviane Flumignan Zetola, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), otorrinolaringologista e neurologista, respectivamente, trouxeram um tema pouco aborda que é a perda do olfato como preditor de demência. Suas pesquisas contam com apoio do Supera e do Boticário. Segundo Coifman, autor do livro “Otorrinogeriatria”, são diferentes estimulações com um mesmo destino no cérebro.
Outro tema importante do evento foi a “Resiliência e estratégias de enfrentamento para o cuidador de idosos”, com o prof. dr. Danilo Faleiros e a dra. Ana Luiza Rosas. Segundo Faleiros, a adaptação ajuda a mitigar o sofrimento.
Em breve mais conteúdo no blog!