No Fórum Cultura + Diversidade, realizado pela primeira vez ontem, dia 30 de outubro, em São Paulo, ouvi uma das definições mais interessantes de inclusão. Segundo Maitê Schneider, fundadora da TransEmpregos, diversidade é ser convidado para a festa e incluir é convidar para dançar. Como mostrou o evento no Centro Cultural São Paulo, o que se busca não é só estar na sociedade, ser visto, mas principalmente participar.
A iniciativa começou no Rio de Janeiro, e no ano que vem o Fórum Cultura + Diversidade chega à quarta edição na capital carioca. O evento é anual, como deve ocorrer em São Paulo. “É o primeiro ano em São Paulo. A gente fez algo mais fechado e dinâmico, esperando que a gente compreendesse a mecânica daqui. Agora para o ano que vem vamos fazer algo muito maior”, projeta José Carlos Vieira Junior, CEO do Fórum Cultura + Diversidade, que contou em São Paulo com apoio institucional do Centro Cultural São Paulo e da Prefeitura de São Paulo.
Na edição carioca, além dos painéis e workshops como em São Paulo, também participam empresas com oferta de vagas. “É um projeto incentivado onde a vinda das empresas é gratuita, assim como para as pessoas que vão prestigiar os debates. É um fórum totalmente inclusivo”, explica José Carlos. A iniciativa tem como patrocinador desde a primeira edição no Rio, o Grupo Laureate por meio do Centro Universitário IBMR e no ano passado também do hotel Hilton Copacabana.
Público maduro
O trabalho teve início focado no público LGBT e foi aos poucos abrangendo mulheres, negros, pessoas com deficiências, o público 50+ e refugiados. E como bem disse a secretária adjunta da Pessoa com Deficiência da cidade de São Paulo, Marinalva Cruz, como falar em minorias, quando metade da população do país é composta por mulheres e por negros, e ainda há milhões de pessoas com deficiência e com mais de 50 anos?
O público 50+ foi incluído no Fórum Cultura + Diversidade no ano passado. “Nós incluímos esse pilar faltando três semanas para o evento e o público 50+ respondeu por 40% de todo público presente. A resposta foi tremenda e nos chamou muita atenção. As pessoas estão ficando mais velhas com mais energia e altamente produtivas. Essa é uma conta que o Brasil tem que resolver com essas pessoas que produzem e entregam. É um desperdício de mão de obra, de capacidade, de contribuição”, avalia José Carlos.
E o público 50+ não deveria ser encarado como um ônus para o país, segundo o CEO do Fórum Cultura + Diversidade: “São pessoas que estão do outro lado da balança. O fórum dentro desse ambiente também participa e colabora na compreensão de uma conta que é simples. As pessoas maduras são importantes por causa da vitalidade que ainda têm, da experiência que é única, da capacidade de compreensão e continuam produzindo, comprando e sendo pessoas importantes na economia do país”.
Hub Diversidade
Para quem busca uma nova oportunidade no mercado, o Fórum Cultura + Diversidade criou o Hub Diversidade. “A ideia é buscar estas oportunidades de inclusão e levar junto a estes públicos, inclusive o publico 50+, até porque o público que envelhece é mulher, negro, PCD (Pessoa com Deficiência), LGBT”, ressalta José Carlos. Segundo ele, a chance dada a um profissional madura se reflete nos mais jovens. “Se o público mais maduro tem uma chance melhor de poder ganhar dinheiro e colaborar com uma família, mais chances o jovem tem de poder estudar com dignidade sem ter que se matar para poder pagar uma faculdade em condições que ele mal consegue se sustentar”, completa. Mais informações no site.
Palestras
A abertura do evento contou com a presença de José Carlos, Marinalva Cruz, e ainda Fátima Justo Cortella, coordenadora de Desenvolvimento Social da Secretaria de Desenvolvimento Social do Estado de São Paulo, e Ana Carolina Lafemina, secretária adjunta da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Trabalho de São Paulo, representando a secretária Aline Cardoso.
No primeiro painel “Novas Práticas com Novos Resultados – Empregabilidade e Empreendedorismo”, o mediador foi Milton Longobardi, da Longevidade Expo + Fórum (veja matéria sobre a feira aqui). Participaram Maitê Schneider, fundadora da TransEmpregos; Henrique Noya, diretor do Instituto de Longevidade Mongeral Aegon, e Joana Vecchia, da área de desenvolvimento de talentos e capital humano do United Health Group, responsável pela operadora de planos de saúde Amil.
Para Noya, em relação ao público maduro, não se trata de criar cotas, mas de oportunidades para participação em condições de igualdade. Entre os projetos e iniciativas do instituto, a sugestão de um pacote de benefícios customizado para o público 50+ com auxílio cuidador, licença para o nascimento de um neto, oportunidade de requalificação profissional, horas flexibilizadas e um plano de aposentadoria em fases.
Outro ponto destacado pelo diretor do Instituto de Longevidade foi o projeto de lei RETA (Regime Especial de Trabalho do Aposentado) elaborado em parceria com pesquisadores da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas. Semelhante a lei de estágio, o objetivo é facilitar a participação de aposentados no mercado formal de trabalho. Saiba mais no link.
O segundo painel “Cultura da Transformação e a Economia Criativa – Oportunidades + Diversidade” reuniu Elisa Lucas Rodrigues, secretária executiva adjunta da Coordenação de Promoção de Igualdade Racial da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo; Ricardo Luiz Dias, coordenador de políticas para LGBTI, da mesma secretaria, e Paula Rocha, do Núcleo de Incentivo à Cultura da Secretaria Municipal de Cultura da capital.
Na parte da tarde, o Fórum Cultura + Diversidade trouxe workshops sobre empreendedorismo agrícola e social, espaços colaborativos de trabalho com qualificação empreendedora, ofertas de oportunidades e vagas em rede de laboratórios públicos, geração de renda, capacitação e linhas de crédito para microempreendedores, como também oportunidades inclusivas com foco em empregabilidade e desenvolvimento profissional. Acompanhe o fórum nas redes sociais Facebook e Instagram. (Katia Brito)