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+Inclusão: acessibilidade e qualidade de vida

Quem passou pelo centro da cidade de Mogi das Cruzes, na Região Metropolitana de São Paulo, na manhã do último sábado (10 de agosto) viu um grupo diferente. Pessoas sem deficiência em cadeiras de rodas, com vendas e bengalas, vivenciando os desafios do dia a dia de quem tem deficiência e mobilidade reduzida. O blog Nova Maturidade foi um dos parceiros da ação social de acessibilidade +Inclusão, criada pela arquiteta mogiana Camila Caruso, especialista em acessibilidade. Leia a matéria anterior no link.

Aproximadamente 20 pessoas se reuniram no Casarão do Carmo. Espaço de cultura da cidade cedido pelo secretário municipal de Cultura, Mateus Sartori. No local, Camila falou sobre o projeto, acessibilidade, experiências com empresas e profissionais, sinalização visual e como acompanhar a pessoa com deficiência. Os participantes foram divididos em duplas e percorreram ruas da área central  de Mogi. “Eu fiquei um pouco insegura porque o tema em Mogi quase não é falado, mas a gente começou a divulgar e as mídias também ajudaram. Está sendo um sucesso. Os patrocinadores também logo toparam a ideia”, avaliou Camila.

Fernanda Flor, que tem um estúdio de cabeleireiro que leva o seu nome, foi uma das parceiras do evento. “Eu já conhecia o trabalho da Camila há um bom tempo. Quando ela veio trazendo essa ideia, eu achei bacana porque realmente nós precisamos aprender mais sobre isso, enxergar a necessidade do outro”. A empresária buscou uma sala comercial com acessibilidade para implantar seu negócio.

Ativismo

Entre os participantes, Laine Souza, ativista pela inclusão. Mãe de um menino autista de quatro anos, sua experiência com autismo começou antes. “O mundo autista entrou na minha vida através da sala de aula. Eu me preparei para receber um aluno autista, pesquisei muito, fiz cursos. Aos oito meses, meu filho apresentou sinais de autismo e com um ano e meio ele foi pré-diagnosticado”, conta.

Para compartilhar suas experiências, Laine criou a página no Facebook e o perfil no Instagram: De repente mãe de autista. “A Camila não tem ninguém próximo a ela com deficiência, da família, e tem a sensibilidade de fazer algo assim. Nossa cidade é grande, tem um número enorme de deficientes e não está preparada”. Para a professora, acessibilidade é qualidade de vida. “A acessibilidade é para todos, para qualquer criança aprender a andar sozinha. Tem também a questão da sensibilização, de ter empatia pelo outro”.

Participantes reunidos em frente à Catedral de Sant”Anna; as duas mulheres à esquerda não têm deficiência

Notáveis

Integrantes do grupo Somos Notáveis, formado por pais, familiares e pessoas com deficiência de Mogi das Cruzes e cidades da região, também participaram do +Inclusão. “Acho a iniciativa excelente. A Camila tem uma visão diferenciada de outros arquitetos. Eles não têm essa iniciativa de transformar mesmo o lugar. É uma parceria e tanto”, destaca Jocélia Camargo, presidente do grupo e mãe de Rafaela, que é cadeirante.

O grupo foi criado há um ano e meio e vem participando de eventos. “A gente está procurando conscientizar as pessoas em relação à inclusão e acessibilidade. Acessibilidade é sinônimo de inovação, crescimento, desenvolvimento, qualidade de vida para a pessoa com deficiência. A cidade se torna mais acolhedora, moderna”, ressalta Jocélia. Quer saber mais sobre o grupo, acompanhe nas redes sociais Facebook e Instagram.

Esther vivenciou a deficiência visual

Esther Akinaga, estudante de arquitetura, também participou do +Inclusão. “Acho muito importante a gente já como estudante vivenciar o que a gente não vive”, afirmou. Durante o trajeto, esta jornalista esteve na cadeira de rodas e vendada. Além da sensação de insegurança, há a invisibilidade. O fato de não ser visto como um indivíduo, mas como um empecilho para a circulação da cidade. Que o +Inclusão cresça e se fortaleça, alcançando outras cidades da região e sensibilizando a população e os gestores públicos.

Cidade

Mogi das Cruzes é uma cidade antiga com calçadas estreitas, principalmente na área central. No dia 1º de setembro, o município completará 459 anos. São grandes desafios quando o assunto é acessibilidade. No fim de julho, a Prefeitura de Mogi anunciou melhorias, que incluem 300 novas rampas de acessibilidade e 15 lombofaixas. Representantes do Conselho Municipal de Assuntos da Pessoa com Deficiência, do Centro Municipal de Paradesporto e da Secretaria de Assistência Social discutem os locais para implantação dos dispositivos. Saiba mais no site da Prefeitura de Mogi. (Katia Brito / Fotos: Wanderlei Rodrigues Silva)

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