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Inadimplência tem maior aumento entre quem tem mais de 61 anos

Com a crise econômica se arrastando e o desemprego crescente, a inadimplência atinge recordes. Em março, segundo levantamento da Serasa Experian, 63 milhões de consumidores estavam inadimplentes. O maior crescimento foi registrado entre as pessoas com mais de 61 anos. Enquanto em março de 2018, 33,5% estavam endividados, este ano o percentual aumentou para 35,9%, uma variação de 1,9%. Entre as pessoas com 41 a 50 anos e 51 a 60 anos, a variação foi um pouco menor, de 1,2%.

Segundo o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, o principal problema são as linhas de crédito consignado, que têm as parcelas de empréstimo descontadas diretamente no salário ou benefício do INSS. “O desemprego subiu muito nos últimos anos, o que gera uma desestruturação da vida financeira, e quem tem parentes mais velhos, pai, mãe, avós, que têm acesso a esse crédito mais barato, quase que pré-aprovado, recorre a essas pessoas”, explica Rabi.

Com o não pagamento do empréstimo, a renda do idoso é reduzida. “Muitas vezes as pessoas pedem com a promessa de pagar, e a gente sabe que isso nem sempre acontece. Os idosos vão começando a ficar inadimplentes por não conseguir pagar as próprias contas, tendo que se virar com o que sobrou”, alerta o economista.

Segundo ele, a inadimplência dos idosos é reflexo da situação econômica, que faz com que as famílias busquem se segurar como podem. “O descontrole financeiro pode até existir, mas não é a principal causa. A crise econômica vem desde 2014. Hoje o país não está mais em recessão como em 2015 e 2016, mas o desemprego cai muito pouco”, analisa.

Educação financeira

Embora tenha crescido mais entre os idosos, a inadimplência é maior entre as pessoas com idade entre 30 e 40 anos. De acordo com Rabi, quase 49% dos inadimplentes estão nesta faixa etária, em razão do desemprego que afeta principalmente o adulto relativamente jovem. Por outro lado, quando se avalia a educação financeira, um estudo divulgado em maio pela Serasa Experian, em parceria com o Ibope Inteligência e o Instituto Paulo Montenegro, indica que os idosos se mostram mais financeiramente educados que os mais jovens.

Para Rabi, a vivência faz a diferença na educação financeira: “Não é só saber fazer conta, mas colocar em prática aquilo que ajuda no dia a dia, saber não comprar por impulso para ostentar. Os idosos têm uma educação financeira melhor porque já viveram mais, passaram por situações de aperto e acabaram aprendendo pela dor”.

A perspectiva do economista é que haja uma melhora na situação econômica do país apenas no fim do próximo ano. “A gente acredita que para a economia melhorar é preciso que as reformas econômicas que o governo está tentando aprovar – tributária e previdência – passem de alguma forma”, afirma Rabi. Caso isso ocorra no segundo semestre, segundo ele, o próximo ano deve ser mais positivo, com a economia voltando a girar e um cenário seja mais favorável até o final de 2020. Caso contrário, Rabi acredita que os números de inadimplência vão se manter altos.

(Katia Brito / Imagem de Alexas_Fotos por Pixabay)

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