Nova Maturidade

Mídias sociais: fontes de conexão e renda

As mídias sociais impactam a todos, tanto na forma como nos conectamos, nos comunicamos e até compramos produtos e serviços. Para quem passou dos 60 anos não é diferente. E na terça-feira, dia 17 de setembro, foi dia de debater os impactos das mídias sociais e da tecnologia na comunicação e na renda da geração 60+. O evento promovido pela Aging2.0 São Paulo e a aceleradora Ativen, na Unibes Cultural, contou ainda com uma homenagem ao saudoso Dudu Balochini, da Senior Geek. Ele faleceu no fim de agosto e seria um dos palestrantes.

Sérgio Duque Estrada abriu o evento sobre mídias sociais
Sérgio abriu o evento na noite de terça-feira

A abertura foi feita pelo embaixador da Aging2.0 São Paulo, Sérgio Duque Estrada, que destacou o Catálogo Seniortech. A listagem vai reunir empreendimentos nacionais de tecnologia digital a serviço dos 60+, destacando a região e a descrição do negócio de acordo com os pilares da Aging2.0. O Seniortech deve se tornar fonte de informação para empresas, investidores e instituições públicas e privadas. E por meio da Aging2.0, vai chegar a 25 países. Novidades no site da Ativen (acesse aqui) a partir do dia 29 de setembro.

Homenagem

Em seguida foi a vez de Antonio Carlos Antunes, da Academia Confluência, homenagear Dudu Balochini, da SeniorGeek. AC, como é conhecido, acompanhou o início do projeto que tem como objetivo descomplicar a tecnologia para quem passou dos 50, 60, 70 e mais. Como disse Dudu em entrevista ao blog (leia no link), a ideia era abordar temas complexos como inteligência artificial, internet das coisas, entre outros. Saiba mais sobre os projetos de Dudu no site da SeniorGeek.

AC homenageou Dudu Balochini

O lema de Dudu, segundo AC que se tornou parceiro da SeniorGeek, era conectados e produzindo. E para um projeto 60+ dar certo, seja na criação e administração de um site ou páginas e perfis nas redes sociais, AC destacou o que é preciso. Entre outras coisas, ele salientou que o primeiro passo é saber quem se é realmente e o que se deseja. A partir daí, definir objetivos, os conteúdos a serem trabalhados, adequar o tempo e o espaço e percepção do caminho a ser trilhado.

Redes sociais

A importância das redes sociais na longevidade foi o tema abordado por Clea Klouri, sócia da Hype 60+ e fundadora da Silver Makers. Com o objetivo de conectar marcas e produtores de conteúdo maduros, a Silver Makers, inclusive, está com inscrições abertas para a I Chamada de Influenciadores Digitais Maduros (veja a matéria no blog).

Pesquisas trazidas por Clea mostram a participação crescente do público 60+ no mundo online, e ao mesmo tempo revelam que a maioria das empresas ainda acredita que eles não acompanham as revoluções tecnológicas. E os 60+ estão presentes nas mídias sociais, principalmente no WhatsApp e Facebook, além de consumir serviços digitais como Netflix, Spotify e aplicativos de relacionamento.

Para Clea, as redes sociais apresentam novas oportunidades

“As mídias sociais são importantes para este processo de um envelhecimento mais saudável, mais ativo. A gente entende que as mídias sociais são um canal de expressão para esse público, um canal de relacionamento, de engajamento, de diversão, e por que não um canal de sustentabilidade?”, disse Clea ao blog.

Para a fundadora da Silver Makers, em um momento de aposentadoria e de horários mais livres e flexíveis, as mídias sociais surgem como uma nova oportunidade e um momento de redescoberta. “A pessoa madura começa a colocar pra fora tudo que gosta, aquilo que viveu. Por exemplo, as pessoas que gostam muito de moda começam a desenvolver canais de redes sociais voltados para moda, outras falam de jardinagem, de comida, comportamento, outras adotam causas. Isso faz com que tenham uma ocupação, uma atividade, um engajamento”, ressalta.

Exemplo

Destaque do evento a presença da memorialista Neuza Guerreiro de Carvalho, de 89 anos, que desde 2008 mantém o blog Vovó Neuza e conta com mais de 500 textos publicados. Porém, ela não gosta do rótulo de blogueira, afinal sua vida vai muito além (veja uma matéria com ela no blog). Sobre as redes sociais, Neuza vê um uso exagerado, deixando de lado a leitura, uma de suas paixões assim como a cidade de São Paulo.

Neuza mantém o blog desde 2008

A colcha de retalhos do blog, como define Neuza, é o que a deixa feliz, refletindo toda informação e conhecimento adquiridos ao longo de sua trajetória. Segundo ela, são os livros que ela publicaria se tivesse aptidão para isso. E neste espaço ela é dona absoluta, diz o que pensa e quando quer. Entre 2005 e 2015 fez 50 cursos pela USP Aberta à Terceira Idade, onde hoje ministra o curso Resgate da Memória Autobiográfica, fazendo das alunas protagonistas de suas vidas.

Neuza trabalhou no Museu da Pessoa e entre 2009 e 2012, também escreveu para um blog sobre a capital. No Vovó Neuza, a cada ano renova sua biografia e faz uma retrospectiva do que viveu naquele período como eventos, livros, filmes e visitas. Na gaveta, o projeto para divulgar as mais de 600 imagens da cidade de São Paulo desde antes da fundação até o século XXI.

Plataformas multilaterais

Ana Luisa pesquisa as plataformas multilaterais

Fechando as palestras da noite, Ana Luisa Ares falou sobre a economia da longevidade e a presença de idosos ativos nos serviços das plataformas multilaterais. Serviços como transporte por aplicativo (Uber) e hospedagem de pessoas (Airbnb) e de pets (Dog Hero). Este é o tema de seu mestrado na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (Each) da USP.

Para ela, as mídias sociais são ferramentas para divulgação dos trabalhos dos idosos nestas plataformas. “As mídias sociais são uma forma de divulgar o trabalho e conseguir ainda mais clientes para gerar mais renda”, avalia Ana. Segundo ela, a tecnologia deixa assim de ser uma barreira, e se torna uma alternativa para a economia da longevidade no Brasil.

E nestas plataformas onde os principais ativos são informação e interações, quem passou dos 60 conquista a preferência dos usuários. Além de renda, os 60+ encontram uma atividade intelectual e social. Apenas na Airbnb, 12% das acomodações cadastradas pertencem a idosos. Sérgio, da Aging, citou o exemplo da startup EuVô, voltada para a mobilidade de idosos que tem contratado pessoas mais experientes por meio da Maturijobs. (Katia Brito)

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