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Movimento Atualiza: combate o etarismo e mostra a realidade dos 50+

Um movimento coletivo para desconstruir o etarismo, este é o propósito do Movimento Atualiza. Clea Klouri, Marília Sanches, Ricardo Pessoa, Viviane Palladino, Candice Pomi e Ricardo Mucci integram a iniciativa. Nesta terça-feira, dia 4 de maio, às 18 horas, eles promovem uma live com o ator Tony Ramos, de 72 anos, 57 deles dedicados a sua arte. A transmissão será pelos canais do YouTube do Atualiza, de Ricardo Mucci e da Casa Mais Vivida.

De acordo com Marília Sanches, terapeuta ocupacional e especialista em gerontologia, o ator vai falar sobre sua trajetória nesse curso da vida, seu envelhecer, a fase da maturidade, como ele entende e qual seu posicionamento quanto ao preconceito etário. “Vai ser um bate-papo sobre vida, de modo geral, bem agradável e espontâneo. Convido a todos para se inscreverem no canal do YouTube do Movimento Atualiza e participar”.

A história do Movimento Atualiza começa em fevereiro de 2021 com a indignação sobre o vídeo do grupo Porta dos Fundos que infantilizava uma mãe de 57 anos e tinha como protagonista Fábio Porchat. O conteúdo foi amplamente discutido entre aqueles que atuam com gerontologia, longevidade e o público em geral.

Movimento Atualiza - Viviane Paladino

A hashtag #AtualizaPorchat surgiu assim, motivando e organizando respostas e manifestações contra o conteúdo preconceituoso e ultrapassado. O movimento procurou ouvir pessoas que expressassem nas redes sociais sua visão sobre aquele vídeo, impactando mais de um milhão de pessoas.

“A gente teve também muitas reações orgânicas, comentários, recompartilhamentos dos vídeos que foram postados, inclusive um vídeo bastante disseminado foi o vídeo da Cris Guerra, onde ela conversa com o Fábio Porchat sobre essa hashtag #atualizaPorchat, criada por nós”, conta Viviane Paladino (foto), CEO e co-fundadora da startup MaisVivida.

Mobilização

Cléa Klouri (foto), do Hype50+/SilverMakers, explica que o movimento veio da indignação e a necessidade de mostrar a realidade dos 50+. “Por isso que esse movimento chama Movimento Atualiza. Ele tem como objetivo mostrar essa revolução da longevidade. E quanto os idosos ou as pessoas acima de cinquenta tão, realmente, mais tecnológicas, mais digitais, mais atualizadas. E nós identificamos isso como um preconceito, como um etarismo”, explica.

Viviane também destaca sua indignação: “Embora eu não tenha o lugar de fala, por eu não ter ainda os cinquenta e sete, eu achei bastante injusta a forma como o Porta dos Fundos retratou essa pessoa. Ficou evidente ali que eles não tinham consciência que o que eles estavam fazendo se tratava de preconceito. Aquilo me chamou bastante atenção e me trouxe a necessidade de que era preciso fazer algo”.

A ideia, segundo Viviane, não era sair reclamando, gritando ou fazendo manifesto, o objetivo quando mobilizou o grupo era mostrar que o Porta dos Fundos ao falar daquela forma agredia muitas pessoas dessa faixa etária, como também era um preconceito. Embora não se enquadre como crime, poderia vir a ser como ocorre com o racismo e contra as pessoas com deficiência.

Para Ricardo Pessoa (foto), CEO da SeniorGeek, o movimento vem para desconstruir esse preconceito nas relações sociais, em especial, as de trabalho: “Eu acho que o mais importante é desconstruir o preconceito na própria cabeça do idoso ou do envelhescente, porque se você se vê como um velho, como é que você espera que os outros lhe vejam diferente?”.

Revolução da Longevidade

Cléa afirma que o etarismo é um preconceito que traz grandes danos pra sociedade, o que reforça a importância do movimento: “Essa iniciativa tem uma importância enorme porque mostra outra realidade, de uma sociedade mais inclusiva e mais democrática. Podendo, então, olhar pras diversas faixas de idade, entendendo o momento de cada uma delas e aquilo que elas representam, o seu significado e a sua importância na sociedade”.

Entre as ações do Movimento Atualiza os conselheiros gravaram depoimentos com situações de etarismo vividas por eles. “O nosso papel é de um combate cada vez mais próximo, pra que a gente dê luz a esse fato e que as pessoas comecem a identificar esse preconceito. Muitas vezes você nem percebe que está sendo preconceituoso e queremos mostrar esse preconceito pra que as pessoas comecem a perceber e combater junto com a gente”, destaca Cléa.

União de esforços

Candice Pomme (foto), psicóloga, pesquisadora e especialista em gerontologia, se juntou ao Movimento Atualiza recentemente. “Não só acredito na nossa responsabilidade com relação à diminuição do preconceito etário, como eu faço um trabalho na minha página do Instagram, que também tem esse objetivo de não só dar visibilidade pro envelhecimento, mas também chamar as pessoas pra serem mais ativas e protagonistas no seu próprio processo de envelhecimento”.

A união de esforços, segundo Candice, vai amplificar e ampliar as vozes contra o etarismo para além dos movimentos pró-longevidade. Ela vê o futuro com otimismo: “Que a gente, lá na frente, sonhe com um país que erradicará esse preconceito. Pra que todos nós possamos viver uma velhice digna, com sustentabilidade não só física, emocional, mas também financeira e profissional”.

O jornalista Ricardo Mucci (foto) antes mesmo de integrar o movimento, já publicava uma série de postagens com o tema nas redes sociais. Quando Cléa o convidou, ele não pensou duas vezes. “Eu me integrei na primeira hora, porque é um movimento que não é só necessário, é vital”.

Em suas postagens o jornalista tem incluído o movimento. Uma delas foi sobre a convivência intergeracional, que avalia como produtiva e criativa, ajudando a reduzir os erros e potencializar os resultados. O combate ao etarismo, segundo ele, é um ganho para todos.

Preconceito e potências

Marília (foto) também ressalta a importância fundamental do movimento: “Como diz, Palmore, um pesquisador americano que fez uma longa pesquisa entre Estados Unidos e Canadá sobre o preconceito etário, esse é o mais democrático dos preconceitos, porque ele atinge a todas as pessoas. Muitas pessoas podem sofrer duplamente, como por ser negro e por ser velho”.

A necessidade de trabalhar a questão é urgente na avaliação da terapeuta. “Nós costumamos dizer no Atualiza que todos nós somos etaristas em desconstrução. Então, precisamos combater já a partir de nós mesmos essa ideia de que a pessoa que envelhece ou que está em processo de envelhecimento possa ter uma vaga negada no mercado de trabalho, somente por conta da sua idade, ou ser criticada por conta da roupa que veste, por não ser considerada apropriada para a sua idade. E assim por diante”.

Na avaliação de Viviane, há um espaço para batalhar pelas minorias e não apenas as pessoas idosas. Viviane destaca que ir além e promover iniciativas que possam, de fato, modificar a cultura. Um dos planos, segundo ela, é a criação de um guia sobre etarismo, que possa ser consultado por pessoas, empresas e entidades governamentais ou não.

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