Nova Maturidade

O homem 50+: desafios e oportunidades

Saúde, preconceito, propósito e mercado de trabalho foram os temas destacados no evento “O homem 50+ na atualidade”, que ocorreu na última quarta-feira, dia 27 de novembro, na Unibes Cultural, em São Paulo. Profissionais de diferentes áreas, convidados pela Aging 2.0 São Paulo e Ativen Envelhecimento Ativo, abordaram os dilemas e perspectivas para os homens que passaram dos 50 anos.

A abertura coube ao embaixador da Aging 2.0 São Paulo, Sérgio Duque Estrada. Segundo ele, o chapter paulista deve ser eleito pela segunda vez o campeão da instituição presente em mais de 25 países. No Brasil, em parceria com a Ativen, a Aging realiza a Chamada de Negócios da Longevidade. Os vencedores foram anunciados no fim de setembro na Longevidade Expo+Fórum (veja a matéria no blog). A Aging e a Ativen são parceiras do blog Nova Maturidade. Saiba mais nos banners nesta página.   

No evento foram apresentados dados de uma pesquisa realizada pela Ativen sobre os desafios do envelhecer, quanto a propósito, finanças e vida afetiva. E as perspectivas para esta fase da vida que tem o tempo como um bem valioso, e traz oportunidades para novos conhecimentos, relacionamentos sociais e até mesmo para empreender.

Sergio terminou sua fala no evento “O homem 50+” apresentando o trailer do filme “Transversal do Tempo: Testemunhos de Como Envelhecer”, de Sergio Roizenblit. O longa-metragem será exibido no evento que encerra a programação da Aging no dia 12 de dezembro: “Os maduros no Brasil” (veja mais no link). As inscrições são gratuitas pela plataforma Sympla. Acesse aqui.

Preconceito

Egídio Dórea evento "o Homem 50+" na Unibes Cultural Aging Ativen
Egídio Dórea abordou o preconceito pela idade

A primeira palestra do evento “O homem 50+” foi sobre “Ageísmo” com  Egídio Dórea, coordenador da USP Aberta à Terceira Idade. O preconceito pela idade é tema da campanha Orgulho Prateado (saiba mais no link), iniciada no mês de outubro e comandada por ele. Segundo Egídio, os estigmas e estereótipos do envelhecimento são internalizados ao longo da vida, e mesmo empresas que se dizem diversas não tem aberto espaço para pessoas idosas.

Egídio destacou pesquisas que apontam que a perspectiva negativa sobre o envelhecer impacta diretamente na forma envelhecemos. Este olhar negativo faz com que a saúde seja negligenciada, haja menor engajamento para a mudança de hábitos.

E embora as mulheres sejam mais afetadas pelo ageísmo, porque vivem mais mas não melhor, os homens também sofrem com a infantilização e a padronização. Por vezes são atos e expressões interpretados como discriminatórios que ganham outra conotação dependendo do contexto.

Já no mercado de trabalho, enquanto a mulher mais velha que tem um comportamento mais agressivo e combativo é melhor aceita, para o homem mais velho este comportamento, elogiado na juventude, passa a ser negativo no mundo corporativo.

E como se combate o preconceito pela idade? Com educação, intervenções que estimulem o convívio entre as gerações, a intergeracionalidade,e campanhas pela visibilidade e protagonismo das pessoas idosas. E principalmente, destacando, como afirmou o Egídio no evento “O homem 50+”, que toda velhice é singular, cada um envelhece de forma diferente.

Saúde

O médico urologista da Escola Paulista de Medicina de São Paulo, dr. Eugênio Vicari (em destaque na foto principal), falou sobre câncer de próstata. Novembro Azul é a campanha preventiva contra este tipo câncer, e no dia 17 de novembro é comemorado o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata.  

No evento “O homem 50+”, o médico listou os fatores de risco: idade acima dos 50 anos, histórico familiar de câncer, falta de exercícios físicos, sobrepeso, má alimentação e tabagismo.

E para o diagnóstico é preciso vencer o preconceito sobre o exame de toque retal. De acordo com Eugênio Vacari, o exame é fundamental. Mesmo diante do resultado normal no exame de sangue que avalia o PSA (Antígeno Prostático Específico) há a possibilidade de que o paciente tenha câncer, o que só será detectado por meio do toque. 20% dos casos são diagnosticados exclusivamente pelo toque retal.

O tratamento varia e pode ser indicado desde o acompanhamento por meio do PSA e exames de imagens, até a prostatectomia radical (retirada da próstata), radioterapia e quimioterapia. A recomendação do médico são exames periódicos, consulta ao urologista, exercícios físicos e alimentação saudável.

Propósito

Propósito foi o tem a de George Necyk

George Necyk abordou a necessidade de um propósito claro para quem chega aos 50 anos. Coach executivo, consultor organizacional e facilitador do programa de Planejamento e Transição de Pós-Carreira do EcoSocial, afirmou que quem tem um “para que” vive mais.

Segundo George, a vida se divide em ciclos. O primeiro até os 21 anos (primavera) quando florescem os potenciais da vida; depois dos 21 aos 42 anos (verão), quando transformamos estes potenciais em frutos; dos 42 aos 63 anos (outono), colhemos os frutos do que fizemos ao longo da vida, e a partir dos 63 anos (inverno), damos ao mundo nosso legado, nossas sementes.  

Perto dos 40 anos, segundo o coach, vivemos uma crise entre o ser e ter, buscando autenticidade, ou seja, viver os próprios valores. Já aos 50 anos, a crise é entre a realização e a amargura, diante do declínio físico. Ele encerrou sua apresentação no evento “O homem 50+” citando George Bernard Shaw: “Essa é a verdadeira alegria na vida, ser útil a um objetivo que você reconhece como grande”.

Na prática

Maurício Coelho, diretor da Aging 2.0 São Paulo, trouxe sua experiência de reinserção no mercado de trabalho e também diante do diagnóstico de hiperplasia prostática benigna (HPB) que recebeu há dois anos. O tratamento começou com medicação, mas, sem resultado, foi preciso recorrer a cirurgia. Também lembrando o Novembro Azul, Maurício ressaltou a importância da prevenção do câncer de próstata e a necessidade de tocar no assunto.

Maurício falou de saúde e mercado de trabalho

Quanto ao mercado de trabalho, Maurício deu uma guinada aos 50 anos. Depois de uma carreira em grandes empresas atuando nas áreas de marketing, negócios e desenvolvimento de produtos. Aos 53 anos, desenvolve trabalhos como mentor e consultor de empresas do mercado 60+, e é membro da equipe da Aging e da Ativen.

No “O homem 50+”, Maurício destacou as oportunidades para os 50+ hoje, atuar em pequenas empresas, ser consultor ou empreendedor são possibilidades. As duas primeiras embora com uma redução nos ganhos, a satisfação é pessoal e está na interação com outras gerações.   

No fim de 2016, Maurício se cadastrou na plataforma Maturijobs e recebeu a oferta de uma startup onde ficou por dois anos como consultor. Ele defende que o importante é não ficar parado, sempre buscando conhecimento e atualização. (Katia Brito)

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