Nova Maturidade

Pesquisa Idosos no Brasil retrata percepções sobre a velhice

A segunda edição da Pesquisa Idosos no Brasil: Vivências, Desafios e Expectativas na Terceira Idade, lançada esse mês pelo Sesc São Paulo, procura estudar e debater como vivem os idosos no Brasil em 2020. O levantamento, realizado em parceria com a Fundação Perseu Abramo, traz a comparação dos dados de 14 anos atrás.

A iniciativa é pioneira e tem a intenção de investigar o imaginário social brasileiro sobre a velhice, além de buscar subsidiar o debate em torno de políticas públicas — ou sua ausência — voltada para os idosos. Os estudos comparam respostas de velhos e jovens sobre o ser idoso e abordam temáticas como uso de internet, autoimagem, moradia, relações familiares e laços afetivos, preocupação com a morte, entre outros temas.

Realizada entre janeiro e março de 2020, a segunda edição da Pesquisa Idosos no Brasil oferece um novo olhar acerca das questões também levantadas em sua primeira edição, lançada em 2006.

Sobre a noção do que é internet, por exemplo, houve um aumento de 18% no número de idosos que afirmam saber o que é a internet (81% em 2020 contra 63% em 2006). Já 23% afirmam “usar sempre” a rede, contra 19% que dizem “não saber o que é” — dados ainda referentes à pesquisa de 2020.

Outro ponto importante investigado pela pesquisa foi como os idosos acham que são vistos pelos jovens? Começando pelo negativo, os idosos sentem-se desprezados, desrespeitados, alvo de preconceitos, maltratados e incompreendidos. Comparando as pesquisas, em 2020 eles acham que são vistos com mais conhecimento, porém como mais incapazes.

Pandemia

O início da pandemia do novo coronavírus trouxe também um aumento perceptível do que é chamado de preconceito etário. Notou-se que a opinião pública passou a condenar os idosos que estivessem nas ruas usando piadas grosseiras a respeito do grupo de risco da doença.

Nesse cenário, a solidão causada pelo isolamento social castiga com ainda mais força os idosos que já vivem em certo afastamento. O levantamento mostrou que 17% dos entrevistados vivem sozinhos e apenas 33% dividem a casa com outra pessoa — que, em sua maioria, também é idosa.

Para esse grupo de pessoas, sair de casa se torna uma válvula de escape e, em certos casos, essencial para a sobrevivência.

Pesquisa Idosos no Brasil - Sesc São Paulo e Fundação Perseu Abramo

Esporte, lazer e renda

A caminhada segue como campeã no ranking de atividades físicas citadas, com 46% de aderência dos idosos. Em segundo lugar fica a bicicleta, seguida da prática de alongamento. Os percentuais de cada atividade teve pequenas alterações entre o primeiro estudo, de 2006. Um esporte que ganhou força entre os entrevistados foi o pilates (2%), citado pela primeira vez na pesquisa de 2020.

Já entre as atividades de lazer, as três mais citadas são: assistir à televisão, ouvir rádio e caminhar. Apesar disso, quando questionados sobre quais as atividades seriam as mais desejadas, viajar e passear aparecem em primeiro lugar. O motivo da diferenciação? A falta de dinheiro para realizar as duas últimas as tornam opções descartáveis.

Essa mesma dificuldade financeira aparece com ainda mais força quando observamos as perguntas sobre faixa de renda: enquanto em 2006 por volta de 43% dos idosos tinham renda mensal de até dois salários mínimos, em 2020 esse número aumentou 2%, chegando em 45%. Ao mesmo tempo, aqueles com renda entre 2 e 5 salários mínimos caiu de 30% para 24% em 2020. Já os que que recebiam mais de 5 salários mínimos caiu de 11% (2006) para 7% (2020).

Finitude

Algumas frases sobre a morte foram apresentadas. Em seguida, os entrevistados deveriam indicar seus graus de concordância. Entre eles, o medo da dor e do sofrimento aparecem como uma das preocupações principais em 2020. A afirmação, “a morte não me assusta, pois faz parte da vida”, aparece em primeiro lugar, com 86% de grau de concordância.

Dados na íntegra

Os dados da Pesquisa Idosos no Brasil: Vivências, Desafios e Expectativas na Terceira Idade servem de inspiração para o Sesc pautar suas ações programáticas. Os resultados da pesquisa estão disponíveis nos sites do Sesc São Paulo e da Fundação Perseu Abramo. (Fonte: Sesc São Paulo / Banca de Conteúdo)

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