O projeto “Diversidade Aprendiz: Aprendizados para um futuro inclusivo”, realizado em parceria entre a Somos Diversidade, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e o Ministério Público do Trabalho (MPT), foi lançado esta semana. A pesquisa pretende conhecer as necessidades e dificuldades das empresas para propor novas soluções para inclusão da diversidade nos ambientes corporativos. Um dos foco são pessoas 50+.
A iniciativa colocará em campo uma pesquisa voltada para compreender melhor as barreiras de entrada para minorias no acesso ao mercado de trabalho formal. Além dos 50+, outras populações-alvo são migrantes e refugiados, população negra, LGBTQIA+ (com ênfase em pessoas transexuais ou transvestigêneres), com deficiência, egressos e egressas do sistema penitenciário ou em liberdade assistida, pessoas de baixa renda e moradoras e moradores de periferia.
O questionário aborda possíveis entraves para acolhimento e promoção das diferenças nas empresas buscando ter um quadro de funcionários mais diverso e como profissionais podem melhorar suas chances de contratação. “Esta pesquisa visa mapear quais são as competências necessárias nas vagas de porta de entrada, ou seja, as vagas de base dessas empresas que vão responder ao questionário”, explica Maite Schneider, coordenadora da Somos Diversidade e Embaixadora da Rede da Mulher Empreendedora.
A partir da compreensão dessas demandas, gargalos e gaps de competência, que essas empresas encontram, segundo Maite, será possível entender como preparar essas pessoas através de capacitações e outros programas e posteriormente inseri-las no mercado de trabalho. A iniciativa espera coletar ao menos 500 respostas vindas de gerentes de Recursos Humanos (RH) e outros gestores em cargos de alto nível decisório em todo o território nacional, através de um formulário online que leva de 10 a 15 minutos para ser preenchido.
Três blocos temáticos compõem o questionário, abordando fatores que podem ajudar ou atrapalhar na hora de contratações e levando em consideração o que os recrutadores buscam, a preocupação com inclusão e diversidade dentro dessas empresas e o perfil da corporação cujos funcionários participarem do estudo. Posteriormente, 10% dos participantes serão selecionados para a segunda etapa da pesquisa, com uma entrevista. O projeto observa as disposições da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), e a segurança dos dados é garantida por termos de confidencialidade.
Oportunidades
“São informações que respondem perguntas para as quais não há respostas no banco de dados de um órgão público”, explica Ana Maura Tomesani, cientista social responsável pela elaboração do questionário e proprietária da empresa de pesquisa Práxis Informação e Estratégia: “os dados existentes nas plataformas de dados oficiais permitem a construção de um diagnóstico mais geral, mas não são capazes de revelar as engrenagens seletivas internas a estas empresas”.
Para Thaís Dumet Faria, Oficial Técnica em Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho para América Latina e Caribe (OIT), com esses resultados será possível construir uma estratégia de formação profissional direcionada à demanda de mercado, assim como apoiar as empresas na criação ou ampliação das suas políticas de diversidade e garantir a promoção do trabalho decente no contexto da crise oriunda da pandemia da COVID-19 e no processo de retomada econômica.
Reinaldo Bulgarelli, Secretário Executivo do Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+, também ressalta a importância das parcerias: “Promover oportunidades iguais, tratamento justo e respeitoso para todas as pessoas, exige parcerias inovadoras entre empresas e organizações variadas da sociedade. Essas parcerias vão resultar em ambientes de trabalho com maior diversidade e efetiva inclusão”.
Desigualdades e diversidade
Estatísticas socioeconômicas destacam as desigualdades de acesso a educação, trabalho e moradia no país. Dados da Síntese de Indicadores Sociais 2019 do IBGE demonstram, por exemplo, que o rendimento médio de brancos era em média, 73,9% maior do que o de pretos e pardos. No mesmo ano, mulheres ocupavam 37,4% dos cargos gerenciais e recebiam 77,7% do rendimento dos homens. As taxas de desemprego também são maiores para mulheres e pessoas negras, e quatro entre dez pessoas extremamente pobres eram mulheres pretas ou pardas de acordo com aquele relatório.
O relatório “Diversity Matters”, da empresa de consultoria McKinsey & Company, demonstrou que a inclusão da diversidade faz bem para empresas e funcionários. A publicação foi elaborada a partir de uma pesquisa que investigou milhares de empresas com mais de 500 funcionários no mundo todo. Nas empresas da América Latina que os colaboradores descreviam como comprometidas com a igualdade, mais de 60% dos entrevistados se declararam felizes com seu emprego. Em 2019, o blog Nova Maturidade acompanhou discussões sobre diversidade e inclusão no Fórum Cultura + Diversidade.
O ambiente de trabalho, de acordo com o levantamento, também se mostrou mais acolhedor para novas ideias, aberto ao diálogo nas equipes e com melhor feedback dos clientes. E os números são ainda mais impressionantes quando pensamos em performance financeira: segundo o relatório, essas empresas têm 93% de vantagens sobre seus concorrentes. Saiba mais sobre a pesquisa pelo e-mail: nos@somosdiversidade.org.br.
(Fonte: Somos Diversidade / Imagem principal: Pessoas foto criado por shurkin_son – br.freepik.com)