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Saúde & Bem-estar

Pets podem ajudar a superar o distanciamento social

Quem tem sido sua principal companhia neste período de distanciamento social? Para muitas pessoas, a resposta é um animal de estimação, seja um gato, um cachorro, um peixe, uma calopsita ou qualquer outro. O importante é que os pets têm ajudado muita gente de diferentes idades a superar a solidão da pandemia de Covid-19.

Para pessoas idosas os pets podem ser ainda mais importantes pelo afeto incondicional, como explica a psicóloga Valmari Cristina Aranha, diretora da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG). “Para muitos idosos é o único vinculo que se estabelece. Há quem goste mais dos pets do que de alguns membros da família pela presença, pela fidelidade, pelo quanto se ocupam, principalmente pacientes mais depressivos ou menos motivados”.

Segundo Valmari, os pets são uma forma de interação, socialização e estímulo ao cuidado e organização. Não são raros os casos de pacientes que afirmam que levantam da cama apenas porque têm que passear com o cachorro: “O pet estimula a motivação do idoso até por conta do cuidado, da responsabilidade com as atividades e a troca afetiva. O bichinho é com quem ele interage. Muitas pessoas conversam e têm uma relação como um membro da família, e às vezes até com mais consideração, porque emocionalmente é uma companhia, é um barulho na casa. Principalmente para quem mora sozinho é uma companhia significativa que ajuda bastante”.

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Gato podem ser bons companheiros assim como os cachorros (Imagem de StockSnap por Pixabay

Embora os cachorros pareçam ter a preferência por serem mais companheiros, há quem prefira os gatos. “Tem muito uma questão de preconceito de que gato não é companheiro, mas muitos idosos até preferem, principalmente quem tem certa limitação. O gato é mais independente, não precisa sair para passear ou dar banho toda semana como o cachorro”, destaca a psicóloga.  

Apoio e atenção

Para idosos com demência, o pet também pode ser um importante aliado em quadros de agressividade, por exemplo. E ainda há a pet terapia, com grupos que levam cães treinados para visitas em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e instituições de longa permanência para idosos (ILPI).

“Um idoso que gosta de cachorro, o cachorro acalma porque tende a ficar mais perto e tem o contato afetivo. A gente tem em hospitais as pet terapias. São experiência bem interessante. Trabalhei muito tempo na geriatria do Hospital das Clínicas e a gente percebia o semblante dos idosos diferente quando tinha a visita do pet, só de acariciar e tocar o animal. É uma função mais afetiva e não tem a questão da linguagem”, conta Valmari.

Os animais, segundo a psicóloga, também podem ser protetores e sinalizar quando há alguma situação atípica. Por outro lado, é preciso atenção com o risco de queda. “A gente tem situações de o pet ser muito próximo. O idoso está andando e o pet está do lado, às vezes no meio da perna do idoso. Então, tem que tomar muito cuidado. Um gato que dorme no tapete do lado da cama, quando o idoso levanta pode pisar no pet ou tropeçar”.

Outra questão que pode afetar os idosos neste período, de acordo com Valmari, é a morte do pet. “Para os idosos é mais fácil que para as crianças. Elas sofrem mais com as perdas porque não têm essa dimensão temporal, quase não viveram outras perdas. Dificilmente alguém idoso nunca perdeu ninguém significativo e transpôs”. Porém, o sofrimento não é diferente. “O pet era o único companheiro ali, o acompanhou a vida toda. É um vinculo afetivo como qualquer outro”.

Posse responsável

Mas atenção para o alerta da diretora da SBGG. Não adote um pet por impulso. Avalie bem essa decisão. “Muita gente independentemente da idade está se sentindo muito sozinho, carente e está arrumando um pet agora. Tem que ter muita responsabilidade porque vai ter que cuidar depois da quarentena. Não vai devolver quando retomar a vida”, salienta.

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Não compre por impulso ou veja o animal como um presente (Imagem de elisa emiliani por Pixabay)

Se você quer mesmo ter um pet, atenção na escolha. Um animal de grande porte, por exemplo, não é uma boa opção para um idoso com dificuldades de locomoção. Por outro lado, o momento pode ser uma oportunidade para que a pessoa se adapte a um pet, reorganizando a rotina de acordo com as necessidades do animal.

Cuidado para não gerar um problema tentando presentear alguém: “Escolher um pet tem a ver com o perfil da pessoa e o primeiro ponto, ela precisa gostar de pet. Às vezes a família quer que o idoso tenha um pet porque terceiriza a companhia: ‘não preciso ficar com a minha mãe, o cachorro fica’. E se a minha mãe não gosta de cachorro? O pet é para resolver o meu problema e a minha mãe?”.

Saúde mental

Leia no blog Nova Maturidade mais dicas da psicológa Valmari Cristina Aranha, diretora da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) para manter a saúde mental no distanciamento social (acesse aqui). E acompanhe o conteúdo e a programação de lives nas redes sociais da SBGG no Facebook e Instagram. Visite também o site. (Katia Brito / Imagem principal de Henriet Haan por Pixabay)

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