Nova Maturidade

Programação diversificada na Longevidade Expo+Fórum

A programação nos três dias de Longevidade Expo+Fórum contou com muitas palestras e eventos nas arenas do evento, como o Congresso da Longevidade Seguros Unimed e o simpósio “Silver Economy – A Revolução da Economia Prateada”. E ainda promovidos pela Unibes Cultural, que recebeu no dia 30 de setembro, por exemplo, a antropóloga Mirian Goldenberg (que já foi entrevistada pelo blog); o Sesc SP; o Movimento Lab60+; a Associação Brasileira de Gerontologia (ABG) e a USP Aberta à Terceira Idade, entre outros estandes.

Destaque também para as sessões do Cine Longevidade, que incluiu o documentário “Alzheimer na Periferia”, e a exposição Nascidas em 55, da fotógrafa Nellie Solitrenick, com mais de quatrocentas fotos de mulheres paulistanas que fizeram 60 anos em 2015. E ainda a intervenção de desfilar feita pelo Portal do Envelhecimento em parceria com a confecção Duda by Duda e visitantes, e os flash mobs do grupo Trabalho 60+.

Infelizmente não fui no dia 29 de setembro, primeiro dia da Longevidade Expo+Fórum, mas estive presente no dia 30 de setembro e no dia 1º de outubro, Dia Internacional do Idoso. Meu primeiro evento da programação foi o simpósio Silver Economy na arena principal, comandado por Francisco Santos, presidente e empreendedor da Longevidade Expo+Fórum. Participaram os economistas Eduardo Giannetti, Ricardo Amorim e Carlos Kawall, do Banco Safra, além do cônsul geral do Japão em São Paulo, Yasushi Noguchi e o médico e prefeito de Veranópolis (RS), Waldemar De Carli. A cidade é considerada a capital da Longevidade.

Para Eduardo Giannetti, nada é mais importante atualmente na vida coletiva e pessoal do que o ambiente demográfico atual, com a transição para um número cada vez maior de pessoas com 60 anos ou mais. Entre os vetores que levaram a esta transição, Giannetti apontou a explosão populacional a partir da metade do século XX, período em que triplicou o número de brasileiros, a queda da taxa de fecundidade e o aumento da expectativa de vida ao nascer.

Eduardo Giannetti encerrou o simpósio ao lado de Francisco Santos

Para Giannetti, a longevidade é uma conquista, mas não significa que não possa ocorrer um retrocesso. O exemplo foi os Estados Unidos, com o que ele chamou de mortes por desespero, causadas pelo do uso de opioides e suicídios.  O economista recomendou para viver bem a longevidade a busca pelo conhecimento e a disposição para explorar o desconhecido. Já Carlos Kawall e Ricardo Amorim ressaltaram os desafios econômicos no Brasil e no mundo.

Japão

O cônsul do Japão apresentou na programação do simpósio os desafios do país diante de uma sociedade superenvelhecida. Dados do Banco Mundial de 2017 indicam que o país tem o maior percentual de idosos em torno de 27%. O Brasil era então o 77º com 8,5%, percentual atualmente próximo dos 15%. Outro ponto é que 70 mil japoneses têm mais de cem anos, sendo 88% mulheres.

Para superar a queda populacional e a consequente diminuição da demanda interna, o Japão tem apostado em parcerias e acordos para a conquista o mercado externo, investindo em produtos agrícolas e no turismo. Entre 2011 e 2018, o número de turistas aumentou de 6 para 31 milhões.

Outro desafio para os japoneses é a redução da mão de obra, que tem sido resolvida com o estímulo para que mulheres e pessoas idosas voltem ao mercado, e o investimento em inteligência artificial e a internet das coisas. E a influência social dessa mudança demográfica traz aspectos negativos como o crescimento dos golpes financeiros por telefone, a solidão que exige um esforço de vigilância para evitar mortes prematuras e os acidentes de trânsito provocados por pessoas idosas com habilidades de direção em declínio.

Referência

O prefeito de Veranópolis, Waldemar De Carli, abordou na programação do simpósio as ações que fizeram da cidade a única no Brasil a receber o título de Cidade Amiga do Idoso pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Tudo começou com um estudo em 1994, desenvolvido pelo município em parceria com a comunidade e o Instituto de Geriatria da PUC-RS.

Os pilares que fizeram de Veranópolis a capital da longevidade são acessibilidade e mobilidade urbana, com a  preocupação constante para que todos possam utilizar espaços públicos e privados com segurança e autonomia;  segurança por meio do cercamento eletrônico, apoio institucional às forças de segurança e monitoramento por câmeras, e serviços eficientes de turismo e cultura, saúde, educação, desenvolvimento econômico e social e longevidade.

Atualmente está em construção o Instituto da Longevidade, em parceria com o Instituto Moriguchi e o Hospital Comunitário, e também o Centro de Convivência para Todas as Idades. Saiba mais sobre a cidade no site.

Finanças

A programação do dia 1º de outubro, Dia Internacional do Idoso, também foi bem variada. Um dos painéis do Congresso Brasileiro da Longevidade Seguros Unimed foi dedicado às finanças. O ator Odilon Wagner, de 64 anos, mediador do congresso, recebeu os jornalistas Mara Luquet e Luiz Artur Nogueira. Para Mara, é tempo de desaprender e reaprender, portanto nunca é tarde ou cedo demais para rever as finanças e se planejar.

Em busca de novas desafios, no ano passado Mara e um grupo de jornalistas 40+ criaram o canal de notícias MyNews, com base no YouTube (acesse aqui). Mara ainda destacou que há um risco maior para as mulheres com filhos para envelhecer com menos recursos. Segundo ela, investir em si mesma é o melhor para o futuro dos filhos, já que se você tem, o filho terá, mas se o filho tem, você talvez terá.

Mara Luquet, Odilon Wagner e Luiz Artur Nogueira abordaram finanças

Odilon abordou a questão do preconceito muitas vezes dos próprios idosos e das pessoas que esta envelhecendo e não percebem o leque de oportunidades que a longevidade proporciona. Luiz Artur afirmou que o brasileiro aposta na aposentadoria, porém o problema é a queda no padrão de vida. Ele e Mara também falaram dos tabus em relação ao dinheiro, o endividamento e a falta de disciplina financeira.  

No fim da tarde, a programação trouxe um talk show com o ator Ary Fontoura, 86, e as atrizes Eva Wilma, 85, e Laura Cardoso, 92. Ary está no ar como Antero na novela “A Dona do Pedaço” (Globo) disputado pelas personagens Evelina, de Nívea Maria, e Marlene, de Suely Franco (leia a entrevista dela ao blog). E Laura entrou recentemente na trama como Matilde, que sofre de Alzheimer e ao que tudo indica guarda um grande segredo.  

Competição

Destaque também na programa da Longevidade Expo+Fórum para o ISGame Jam. O projeto desenvolvido por Fabio Ota (também já destacado no blog) proporcionou uma competição com adultos 50+ e crianças para a criação de um videogame sobre viagem. Divididos em sete equipes, eles tiveram dois dias para trabalhar e no dia 1° de outubro apresentaram para o público que pode votar no seu preferido.

Sete grupos apresentaram os games desenvolvidos

“É fantástico. A gente está dando protagonismo para eles, fazendo com que mostrem do que são capazes. E essa troca entre gerações é muito rica. A ISGame, que é a nossa escola de desenvolvimento de games, não se propõe a desenvolver só games, mas a uma melhor qualidade de vida, melhorando a memória, concentração e tendo essa integração intergeracional que é fantástica”, avalia. (Katia Brito) 

Sair da versão mobile