Um novo relatório publicado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em março sobre discriminação por idade estima que uma em cada duas pessoas no mundo tenha atitudes discriminatórias contra pessoas idosas. O preconceito etário, também chamado de idadismo, etarismo, ageísmo ou ainda velhofobia, piora a saúde física e mental e reduz a qualidade de vida desta importante parcela da população, custando às sociedades bilhões de dólares.
O documento preparado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), Escritório do Alto Comissariado para os Direitos Humanos (OHCHR), Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas (UN DESA) e Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) faz um chamado urgente à ação para combater a discriminação por idade. O idadismo é um flagelo social, evidenciado pela pandemia de covid-19, precisa ser exposto e mensurado.
A pandemia, como aponta o relatório, revelou o quão generalizada é o preconceito etário – pessoas mais jovens e idosas foram estereotipadas no discurso público e nas redes sociais. Em alguns contextos, a idade tem sido usada como o único critério para acesso a cuidados médicos, terapias que salvam vidas e para isolamento físico.
Preconceito generalizado
O idadismo se infiltra em muitas instituições e setores da sociedade, segundo o relatório. O preconceito está presente inclusive em espaços de assistência médica e social, no local de trabalho, na mídia e no sistema jurídico. O racionamento de saúde baseado apenas na idade é generalizado. Uma revisão sistemática em 2020 mostrou que em 85% de 149 estudos, a idade determinou quem recebeu certos procedimentos ou tratamentos médicos.
Tanto os adultos com idade mais avançada como os mais jovens estão frequentemente em desvantagem no local de trabalho. Infelizmente, a constatação é que o acesso à formação e educação especializadas diminui significativamente com a idade, assim como ocorre no mercado de trabalho, saúde, habitação e política, onde suas vozes são frequentemente negadas ou rejeitadas.
Uma outra pesquisa com mais de 83 mil pessoas em 57 países revelaram que uma em cada duas pessoas tinha atitudes moderadamente ou altamente discriminatórias relacionadas à idade.
Impactos
As consequências do idadismo são sérias e abrangentes para a saúde e o bem-estar das pessoas. Para muitos, o envelhecimento ainda está associado a uma pior saúde física e mental, maior isolamento social e solidão, maior insegurança financeira, diminuição da qualidade de vida e morte prematura. Situação agravada pelo duplo preconceito relacionados, por exemplo, a sexo, raça e deficiências. A estimativa é que 6,3 milhões de casos de depressão no mundo sejam atribuídos ao envelhecimento.
A discriminação por idade, de acordo com o relatório, custa bilhões de dólares às sociedades. Nos Estados Unidos, um estudo de 2020 mostrou que a discriminação – na forma de estereótipos negativos de idade e autopercepções – levou a custos anuais de US$ 63 bilhões. Na Austrália, a estimativa é que se 5% mais pessoas com 55 anos ou mais estivessem empregadas, haveria um impacto positivo de 48 bilhões de dólares australianos na economia nacional anualmente.
Combate ao idadismo
No relatório, destaque para as políticas e leis que tratam do preconceito, atividades educacionais que aumentam a empatia e dissipam equívocos e atividades intergeracionais que reduzem o preconceito ajudam a diminuir a discriminação.
O texto encoraja países e toda a sociedade a usar estratégias baseadas em evidências, melhorar a coleta de dados e pesquisas e trabalhar juntos para construir um movimento que mude a forma como pensamos, sentimos e agimos em relação à idade e envelhecimento, como propõe a Década do Envelhecimento Saudável das Nações Unidas.
(Fonte e imagem: Organização Pan-Americana da Saúde)