A campanha Novembro Azul alerta para a importância do diagnóstico precoce e prevenção do câncer de próstata. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), 75% dos casos ocorrem a partir dos 65 anos. Segundo o urologista do Hospital Edmundo Vasconcelos, Sandro Nassar, a alta taxa de incidência entre os 60+ está relacionada ao envelhecimento e processo de reparo do tecido.
Com o avançar da idade, de acordo com o especialista, o reparo celular começa a ser feito de uma maneira não tão eficiente quanto na juventude e eleva as chances de surgirem células que não possuem controle da sua multiplicação – chamadas de células tumorais. Elas são as responsáveis pelo desenvolvimento do câncer de próstata. Nassar, no entanto, lembra que a idade não é uma sentença e que existem outros fatores de risco que podem predispor ao tumor.
“Sabemos que o envelhecimento é um deles, mas não o único. Ainda existe a genética e a predisposição da população negra. Além disso, é importante salientar que a idade não define a gravidade do câncer. Para ter ciência do grau do desenvolvimento, é necessário e indispensável acompanhamento profissional”, lembra o especialista.
Tratamento
O alerta dado pelo médico refere-se à diferença de tratamento, conforme o tipo de tumor. Para os casos mais complexos, é necessária intervenção rápida; já para os chamados casos indolentes, por vezes, apenas o acompanhamento é necessário.
“O câncer de próstata tende a ter um crescimento lento e que dificilmente será a causa da morte do paciente. Por isso, nem sempre cirurgia ou mesmo outros métodos como quimioterapia são indicados. Mas o cenário muda quando o câncer é agressivo, aí é preciso buscar o melhor procedimento”, elenca.
A descoberta da doença é feita pelo Antígeno Prostático Específico, o PSA, que é colhido em um exame de sangue simples, e pelo exame de toque em alguns casos. Nassar reforça a importância da realização dos exames a partir dos 50 anos a homens que não possuem histórico de câncer na família por ser o método mais eficaz de diagnóstico precoce.
“O câncer de próstata é assintomático em seu início e por isso é preciso manter essa rotina de exames e acompanhamento médico para evitar a detecção avançada”, ressalta Nassar.
Mulheres trans
A maioria das ações do Novembro Azul é voltada para homens cisgênero, esquecendo de falar para mulheres trans, travestis e pessoas não-binárias. O dr. Leonardo Lins, urologista pela Faculdade de Medicina do ABC e titular da Sociedade Brasileira de Urologia, alerta que mesmo passando pela cirurgia de redesignação sexual, a pessoa continua possuindo próstata.
“O câncer de próstata é mais comum na terceira idade e independente da identidade de gênero, o indivíduo que possui próstata após os 45 anos de idade precisa se cuidar. Aquelas pessoas que realizaram o processo de transhormonização também são igualmente passíveis de rastreamento. O bloqueio da testosterona, ao qual são submetidas, parece exercer um certo papel protetor contra o câncer de próstata, porém a literatura acerca do assunto ainda é escassa”, explica Lins.
Se você tem próstata, converse com os membros da sua comunidade para saber qual especialista de saúde vai te deixar mais à vontade e confortável para tirar as dúvidas e fazer o exame.
(Fontes: Hospital Edmundo Vasconcelos e Dr. Leonardo Lins/ Imagem principal: Ribbon photo created by freepik – www.freepik.com)