Nova Maturidade

Rompendo estereótipos para uma velhice ativa e digna

A representação da pessoa idosa na mídia e na dramaturgia, sexualidade e direitos foram temas do seminário “Orgulho Prateado – Rompendo Estereótipos”, realizado no dia 31 de outubro na Unibes Cultural. O evento integrou a programação da campanha Orgulho Prateado, promovida pela USP Aberta à Terceira Idade (saiba mais no link).

O “Rompendo Estereótipos” foi aberto pelo professor Egídio Dórea, responsável pela campanha e coordenador da USP Aberta à Terceira Idade. Em seguida, foi a vez da profa. dra. Denise Mazzaferro que falou sobre “Envelhecimento, Imagem e Produtividade”, apresentando como a mídia retrata a velhice e as mudanças ao longo dos anos.

https://www.youtube.com/watch?v=0Ycxc8jXlBI

Uma delas do banco Itaú com as amigas Lilia e Neuza, amigas há 60 anos que foram desafiadas a viver uma tarde 100% digital em 2016. Assista aqui. Segundo ela, um dos objetivos de campanhas como essa é fazer com que as pessoas idosas deixem de ir às agências. E a escolha por mulheres é porque elas teriam mais dificuldade com a tecnologia.   

O desafio, segundo Denise, está em representar as pessoas idosas com autonomia e protagonismo, o que já acontece no exterior. Entre os exemplos, ambos protagonizados por homens que moram sozinhos, um comercial de uma rede de supermercados alemã Edeka (vídeo legendado no link) e outro da empresa polonesa Allegro.

Para exemplificar os avanços na mídia brasileira. Denize apresentou a homenagem feita pela Nissan ao rito de passagem que é a despedida da habilitação por pessoas idosas.  

Sexualidade

No evento “Orgulho Prateado – Rompendo Estereótipos” da Unibes, a psicanalista e psicóloga Maíra Peixeiro abordou “Sexualidade e Envelhecimento”, destacando o mito da velhice assexuada com a incapacidade atribuída ao corpo biológico, a rejeição ao erotismo e os estereótipos extremos, ou o velho é pervertido por se afirmar e exercer sua sexualidade ou a infantilização, ridicularizando a paixão de pessoas idosas.

Maira Peixeiro Orgulho Prateado Rompendo Estereótipos Unibes Cultural
Maíra falou sobre sexualidade

Maíra ressaltou também o horror estético causado pelo corpo envelhecido, que não atrai ou seduz. Situação que o desqualificaria para o erotismo e leva a uma violência silenciada, retirando as pessoas idosas da trama sexual, semelhante ao que ocorre com as pessoas com deficiência.

Para a psicanalista, o desejo não acaba com a idade, ele pode se transformar. E o exercício ou não da sexualidade não é uma questão de idade, envolve questões culturais e de cada indivíduo. Para mudar este cenário, é importante o reconhecimento, de que o sexo seja para todos, não só o ato em si, mas o toque, o afeto até mesmo para a manutenção da saúde mental.     

Dramaturgia

Cada vez mais envolvido em pautas ligadas ao envelhecimento, o ator Odilon Wagner, que conduziu os debates do Congresso de Longevidade Seguros Unimed na Longevidade Expo+Fórum (leia mais no blog) também participou do seminário. Ele destacou o papel da dramaturgia que ainda representa as pessoas idosas pela doença, morte, depressão, solidão ou de forma caricata.

Odilon ressaltou o papel da dramaturgia no combate ao preconceito

O desafio, de acordo com Odilon, está em convencer que o velho mudou, quem passou dos 60 anos continua pleno e ativo e são os maiores consumidores de hábitos culturais. Por isso a necessidade de produções que tenham como protagonistas personagens maduros com tramas que reflitam a realidade em que vivem, sem infantilização.

Odilon citou exemplos de projetos que participou com as peças “A Última Sessão”, com a participação de atores acima dos 60 anos, e “Família Muda-se e Vende Tudo”, onde a grande atração era a participação da veterana Etty Fraser.

Porém mesmo com potencial comercial e de público, faltam produções culturais voltadas para este público. Para Odilon, é preciso mudar a forma como as pessoas enxergar a maturidade, para que todas as gerações possam ser educadas a encarar esta nova realidade de uma forma diferente. E a dramaturgia, as artes têm um importante papel neste processo.

Direitos

A presidente do Conselho Estadual do Idoso de São Paulo, Vera Fritz, fez a última palestra do seminário “Orgulho Prateado – Rompendo Estereótipos”. Ela já foi entrevistada pelo blog (leia aqui). Para Vera, a velhice faz parte de sua vida, depois de ser criança, jovem e adulta. E se não for feito algo pelas gerações mais jovens com políticas públicas plurais, intersetoriais e abrangentes, os problemas enfrentados pelas pessoas idosas de hoje somente se perpetuaram.   

Vera abordou a importância da participação

Vera também defendeu a necessidade de participação. Afinal, como enfrentar os desafios, se preparar para o envelhecimento da população se não participo, se não faço meu papel como cidadão? É preciso respeito às leis e aos outros para um envelhecimento digno e ativo.

E falando sobre participação, Vera fez o convite para a Conferência Estadual do Idoso, que será realizada entre os  dias 11 e 13 de novembro, na cidade de Águas de Lindoia, com o tema “Envelhecimento no século XXI e o papel da política pública”.  Saiba mais no site do Conselho. Para fechar o evento uma apresentação teatral da Liga Solidária (em destaque na foto principal) baseada nos ambientes onde as pessoas idosas sofrem mais preconceito: no transporte público e nos serviços de saúde. (Katia Brito)

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