Desde criança as companhias preferidas por Rosemeire Silvestre eram os mais velhos. “O que mais me chamava atenção, me sensibilizava eram os idosos”, conta. O tempo passou e há quatro anos, ela passou a trabalhar com grupos de terceira idade, como a Toca, na cidade de Araras, no interior de São Paulo. O grupo, formado por mulheres ativas e dinâmicas, entre as atividades trabalha com as músicas reunidas por nossa colunista Maria Anastácia Manzano.
Formada em Letras, Rosemeire ainda atua com professora de Português e Literatura, mas sua meta é se dedicar plenamente aos idosos. O trabalho começou de forma voluntária com as Irmãs Canossianas (foto), propondo atividades para estimular a interação e proporcionar estímulos cognitivos para freiras idosas, e se expandiu para outros espaços e instituições.
A psicopedagoga atua em grupos ou de forma individualizada não só na cidade de Araras, como na vizinha Leme. Entre eles, o Centro Dia Espaço Com-Viver, a Toca, e a clínica Ciclos – Espaço Terapêutico.
Diante da pandemia de Covid-19, os atendimentos presenciais foram suspensos e o único grupo ativo no momento é a Toca. Mulheres que estão juntas há 20 anos, alugam um espaço e contam com uma psicóloga que coordena e administra as atividades. “São mulheres independentes e autônomas. Algumas já têm mais de 80 anos inclusive. Elas viajam, têm a vida delas, são criativas, alegres, dinâmicas, unidas e gostam de fazer atividades diferentes”, destaca a psicopedagoga.
Entre outras atividades, as mulheres da Toca têm um coral (foto Reprodução Facebook). Com Rosemeire, fazem aulas de exercício cognitivo, utilizando jogos de carta, de interação, de reflexão de ideias e exercícios variados. “Cada dia invento uma coisa. Tem que colocar a criatividade para funcionar. Adoro, é divertido”, salienta.
Música
As atividades incluem ainda músicas como as da coluna semanal do blog Nova Maturidade. “As músicas que a Anastácia trabalha se comunicam muito bem com o idoso, trazem sentido, letras interessantes. São músicas de raiz. Uma das ferramentas para trabalhar com idoso com Alzheimer, por exemplo, é a musica porque resgata a memória automaticamente. A pessoa pode não lembrar o nome do filho, mas uma música, como do Luiz Gonzaga que a maioria conhece, eles lembram, até aqueles que não falam”, explica.
Parceria
Rosemeire também atende pessoas com doenças como Alzheimer ou vítimas de AVC (Acidente Vascular Cerebral). Nessa prática, ela conta com a parceria da neuropsicóloga Maria Alice Perroni, especialista em reabilitação: “Quando um paciente precisa de reabilitação mais específica, tem um Alzheimer mais avançado, ela ajuda a elaborar exercícios mais específicos, voltados por exemplo para a comunicação, memória ou psicomotricidade”.
Com Maria Alice, ela tem o projeto de abrir o Espaço Criativaidade, um Centro de Envelhecimento Saudável para pessoas a partir dos 50 que tenham ou não problemas cognitivos. A ideia é atender quem sente falta de um projeto de vida, se aposentou ou tem os netos crescidos e procura uma atividade, quer desenvolver outras habilidades ou despertar a criatividade.
O foco do novo espaço também estará na reabilitação de pessoas com problemas neurológicos e cognitivos. “A gente já pensava e agora está pensando mais ainda, porque a necessidade dos idosos de fazerem atividades de estímulo, de interação social, quando essa pandemia passar vai ser muito emergencial”.
Novidade
A partir da próxima quinta, dia 13 de agosto, Rosemeire e Maria Alice darão início ao Chá Criativo. Encontros semanais por meio da plataforma Zoom, aberto para pessoas 60+. Serão atividades artísticas como sarau de poemas, contação e interpretação de histórias e rodas de conversa. Mais informações pelo direct do Instagram @criativaidadeararas ou pelo WhatsApp (19) 9912-71595.
Pós-pandemia
Para Rosemeire, depois da pandemia o trabalho será resgatar a autoconfiança e autoestima das pessoas idosas, que podem estar deprimidas ou inseguras sobre como voltar a sair de casa. “É um passarinho que está preso na gaiola. Você vai ter que soltar a porteira da gaiola e ensinar a voar novamente sem medo”, compara.
Em Araras, a psicopedagoga conta que uma das poucas profissionais que se dedica aos idosos, mas a expectativa é que tanto governantes como profissionais se voltem para as demandas de uma sociedade envelhecida. Um trabalho que para ela é um ato de amor. “Não é uma questão profissional, é trabalhar com a alma. Quem trabalha com idoso, tem de ter muita paciência, levar alegria e ânimo, não pode desanimar dependendo da situação. Quando você põe amor, a coisa vai”, conclui.
Acompanhe o trabalho pelas redes sociais Pedagogia para Adultos (Facebook) e Criativaidade Araras (Instagram). (Katia Brito/Fotos: Divulgação)
Muito boa a parceria com a Rosemeire. Seus projetos me encantam!
Parabéns Rosemeire e Alice, os vossos sonhos, anseios, ideais vão se realizando.
Apoio com satisfação e alegria.