O que você faz pela saúde do seu cérebro? Manter-se em atividade e aprendendo sempre proporciona qualidade de vida e retarda o surgimento de doenças. Estes foram temas abordados no evento “Despertando a sociedade para a saúde do cérebro”, promovido pelo Supera, que lotou o Teatro Gazeta, em São Paulo, no sábado, dia 21 de setembro. A data comemora o Dia Mundial da Doença de Alzheimer, e durante todo o mês acontece a campanha Setembro Roxo, dedicada a doença.
Destaque para a participação de especialistas e das atrizes Nicette Bruno, de 86 anos, e Beth Goulart, 58. Mãe e filha falaram de sua experiência com três familiares que tiveram a doença. O tema também está na novela das seis Órfãos da Terra (Globo), que está nos últimos capítulos, onde Nicette interpreta Ester Blum, cercada por outros talentos experientes como Flávio Migliaccio (Mamede), de 84 anos, e Osmar Prado (Bóris), 72. Na novela, Boris tem atuado como um dos cuidadores de Mamede que foi diagnosticado com a doença de Alzheimer.
Para Nicette é importante que a novela aborde a doença. “Na nossa função profissional, um dos setores é justamente esse de transmitir conhecimento para aquelas pessoas que passam por certos aparentes problemas na vida e não sabem como superar. E isso eu acho que o trabalho da Supera, por exemplo, é extraordinário para transmitir não só ao doente de Alzheimer como à família daquele paciente para saberem levar aquilo como aprendizado da vida”, disse ao blog.
Em sua participação no evento, Beth Goulart ressaltou a necessidade de amor, carinho e afeto durante o processo da doença. Para ela, é preciso ver este momento como uma oportunidade de entendimento sobre o que significa a velhice, quando tudo que aprendemos é exercitado. E destacou também que conforme a doença avança, há uma comunicação que vai além das palavras, focada em gestos, olhares, e permite perceber como lidar com a pessoa doente também é aprendizado, como é importante viver bem com quem vive conosco.
Especialistas
O primeiro painel “Alzheimer e Demências – Uma preocupação mundial” trouxe as perspectivas da ciência sobre as demências, em especial a doença de Alzheimer. A doutora em Neurologia pela Faculdade de Medicina da USP, Jerusa Smid, ressaltou que demência é diferente de Alzheimer, embora o conceito seja semelhante de declínio da capacidade intelectual cognitiva com prejuízo para as atividades sociais e profissionais.
Para Jerusa, a doença envolve toda a família, que precisa se reestruturar e se adaptar aos custos emocional e financeiro, já que muitos familiares precisam parar de trabalhar ou reduzir sua jornada para cuidar do paciente. A doutora também abordou fatores de risco e sintomas da doença. Alterações cognitivas, psiquiátricas, comportamentais, desorientação temporal/espacial, agitação e o fenômeno do por do sol (piora dos sintomas ao entardecer) são indicativos do Alzheimer.
Para a especialista, há necessidade de diminuir o estigma sobre a doença e a melhor forma é falar sobre o tema. Como disse ao blog Eva Bettine, presidente da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG), que apoiou o evento juntamente com a Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz). “Antes as pessoas ignoravam e depois começaram a lembrar só entre os profissionais, mas a gente tem que falar com todos, inclusive com as pessoas que tem a demência, no caso de Alzheimer, para que elas participem da vida, e que os familiares também não os isolem”, destacoou.
Eva também atua na criação e implementação de novos grupos de apoio na ABRAz nacional e é coordenadora da pós-graduação em Gerontologia da Faculdade Paulista de Serviço Social (Fapss), ao lado da professora doutora Thaís Bento Lima, que palestrou no evento. “Quaisquer evento que tenha como mote como melhorar a nossa vida, a qualidade de vida como um todo, aqui especificamente falando da saúde do cérebro, é importante. O Supera é uma empresa que se preocupa com isso de fato. No meu caso eu trabalho na Gerontologia, que também tem essa perspectiva de cuidar do processo do envelhecimento, como é que a gente quer chegar na nossa velhice, como manter a nossa autonomia e independência ao longo da nossa vida?”, ressaltou Eva.
Saúde do cérebro
Sonia Maria Dozzi Brucki, responsável pelo ambulatório de Neurologia da Cognição e do Comportamento do Hospital Santa Marcelina, fez parte do primeiro painel com Jerusa. Ela explicou como as conexões cerebrais se desenvolvem de forma diferente desde o nascimento, sempre criando novas sinapses, ou seja, novas conexões. Segundo ela, o cérebro mais ativo e devidamente estimulado consegue combater a doença por mais tempo. Como o cérebro se reorganiza ao longo da vida independente da idade, mesmo com um quadro demencial há novas conexões.
E para manter a saúde do cérebro, Sonia alertou que há fatores que contribuem para a demência e são modificáveis como hipertensão arterial, diabetes, tabagismo, obesidade e sedentarismo. Por isso, a necessidade de interação social, uma dieta adequada e atividade física e intelectual.
Cuidado
Thaís Bento Lima participou do segundo painel com o tema “Cuidadores e Família – Carinho, afeto e não abandono”, ao lado de Nicette Bruno e Beth Goulart. A professora doutora abordou o cuidado desde a comunicação do diagnóstico e a necessidade da criação de estratégias para cuidar de quem cuida. Formas de evitar que os cuidadores negligenciem a si próprios e, por outro lado, possam partilhar experiências como ocorre nos grupos de suporte da ABRAz, da qual também faz parte.
E quanto ao paciente, segundo Thaís, é importante evitar a infantilização e valorizar o que a pessoa sempre foi, a sua história de vida. O evento terminou com uma caminhada até o Parque Trianon, na avenida Paulista. Clique nos links e saiba mais sobre o Supera, empresa dedicada ao desenvolvimento das capacidades do cérebro e à saúde mental, a ABG e a ABRAz. (Katia Brito)