A campanha vacinal de 2023 no Brasil começou no dia 27 de fevereiro, concentrando as ações na vacina contra a Covid-19. Em nota, o Ministério da Saúde informou que serão aplicadas doses de reforço com imunizantes bivalentes, sendo a estratégia dividida em 5 etapas. Entre os grupos prioritários, pessoas com mais de 60 anos; gestantes e puérperas; pacientes imunocomprometidos; pessoas com deficiência; pessoas vivendo em Instituições de Longa Permanência (ILP); povos indígenas, ribeirinhos e quilombolas; e trabalhadores e trabalhadoras da saúde.
Ainda há muitas dúvidas por parte da população em relação à bivalência. Por isso, a Comissão de Imunizações da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), por meio de sua coordenadora, Dra. Maisa Kairalla, elencou 10 dúvidas mais frequentes sobre o tema.
1 – O que é uma vacina bivalente?
A vacina bivalente tem este nome porque ela recebe um componente da cepa original do vírus (aquela de Wuhan) e mais um componente da variante ômicron. Por isso o nome “bivalente”. De acordo com o FDA (órgão regulatório norte-americano, equivalente à Anvisa no Brasil) “uma vacina bivalente Covid-19 também pode ser referida como dose de reforço da vacina COVID-19 “atualizada”.
2 – Quem pode tomar a vacina bivalente?
De acordo com o Ministério da Saúde, a decisão da Anvisa, neste momento, permite que as vacinas bivalentes sejam aplicadas no Brasil como dose de reforço na população acima de 12 anos, conforme etapas da campanha pré-definidas. Assim, respeitando o esquema vacinal mencionado anteriormente, que começa pela população de alto risco, todos aqueles que receberam ao menos duas doses da vacina monovalente são elegíveis à administração do reforço com a bivalente.
3 – Qual intervalo deve ser dado entre a última dose de reforço e a bivalente?
O intervalo recomendado pelo Ministério da Saúde é de 4 meses. No Brasil, como a campanha de reforço com a 4ª dose entre idosos de 70 anos ou mais ocorreu há aproximadamente seis meses, uma grande parte desta população já poderá receber o novo imunizante logo no início da campanha.
4 – Por que preciso tomar a vacina bivalente contra a Covid-19?
A pandemia de Covid-19 não acabou. Estudos indicam que, assim como a influenza, a Covid veio para ficar. Temos acompanhado a mutação da cepa original de Wuhan (onde tudo começou) e da variante ômicron, bem como suas subvariantes. Ou seja, um vírus que se mostra altamente mutável.
Na medida em que os pesquisadores se aprofundam no comportamento do vírus e suas mutações, é possível desenvolver imunizantes capazes de proteger a população, como tem sido com a influenza.
Portanto, estejamos preparados para que a vacina contra Covid-19 seja integrada ao nosso regime vacinal anual. A perspectiva à luz da ciência e dos fatos aponta para esta “nova realidade”.
5 – Se a pessoa não tem todas as doses do ciclo vacinal, poderá tomar a bivalente no início da campanha?
Se o indivíduo não recebeu nenhuma dose ou somente uma dose da vacina monovalente, deve completar o esquema de duas doses de monovalente para, posteriormente, receber a dose de bivalente. Aqueles que receberam duas ou três doses da monovalente estão aptos a receber a dose de bivalente, desde que respeitados um intervalo mínimo de 4 meses entre as aplicações.
6 – A vacina contra a Covid bivalente poderá causar efeitos adversos?
Ainda há uma crença limitante entre a população de que vacinas causam danos, por isso, muitos têm medo de serem imunizados.
Vacinas contra a Covid-19 não contêm o vírus em si. Elas são geradas a partir de uma proteína “fabricada”, que imita o vírus. O RNA – que é uma parte da nossa célula, é como um mensageiro. Ele responde pelo que nossas células “aprendem” em termos de defesa. Por isso, as vacinas de RNA Mensageiro (mRNA) podem combater o código genético da chamada proteína “spike” do vírus.
Quando esta proteína que imita o vírus, entra em nosso organismo por meio da vacina, nosso corpo a entende como uma “mensagem do mal” e precisa eliminá-la. Assim, gera-se anticorpos, nossos “soldados de defesa”, que combatem o vírus e nos protegem, sobretudo, de complicações, hospitalizações e, até mesmo, da morte em decorrência de uma infecção, como a causada pelo coronavírus.
Vacinas mRNA podem ser aperfeiçoadas, amplificando a eficácia contra a Covid.
7 – Posso tomar a vacina da Covid e da Influenza simultaneamente?
Sim, você pode. Mas, uma em cada braço.
8 – Já tomei as 4 doses de vacina, mas tive Covid, significa que não estou imunizado?
Sim, você está imunizado. Mas, como dissemos, o vírus pode sofrer mutações e, além disso, nosso organismo não fica imune para o resto da vida. Por isso, existem as doses de reforço. E não apenas da Covid, mas também contra doenças como tétano e difteria, que tomamos na infância e fazem parte do calendário vacinal de adultos.
9 – Qual a estimativa de eficácia da vacina bivalente em relação à monovalente?
Os resultados de um levantamento liderado pela instituição norte-americana “CDC” (Centers for Disease Control and Preventions) verificou, após avaliar os dados nacionais de testes farmacêuticos, que uma dose de reforço de mRNA bivalente fornece proteção adicional contra infecção sintomática XBB/XBB.1.5 por pelo menos os primeiros três meses após a vacinação em pessoas que receberam anteriormente 2, 3 ou 4 vacinas monovalente. Estes dados foram publicados em 25 de janeiro de 2023.
Com isso, temos em nosso horizonte que a dose de reforço bivalente fornece maior proteção a curto prazo contra infecções por Covid-19, reduzindo casos de emergência, urgência ou hospitalização, em comparação com o regime de dois, três ou até quatro doses de vacinas de primeira geração monovalente.
10 – Quais vacinas bivalentes estarão disponíveis no Brasil no início da campanha?
Os imunizantes aprovados são:
• Bivalente BA1: protege contra a cepa original e também contra a subvariante ômicron BA 1;
• Bivalente BA 4/BA 5: protege contra a cepa original e também contra as subvariantes ômicron BA 4/BA 5
Identificados por tampa na cor cinza, cada frasco terá seis doses e a vacina não deve ser diluída.
*Maisa Kairalla – médica geriatra, coordenadora da Comissão de Imunizações da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG)
(Fonte: SBGG e RS PRESS)