“Sou profundamente brasileira e vou estudar o gosto e a arte dos nossos caipiras. Espero, no interior, aprender com os que ainda não foram corrompidos pelas academias”, disse a pintora modernista Tarsila do Amaral ao voltar ao Brasil, após estudar em Paris (França), como destaca a exposição “Tarsila Popular”, em cartaz no Museu de Arte de São Paulo (Masp) até o dia 28 de julho.
Ontem tive a oportunidade de visitar a exposição com queridos amigos e a ida ao Masp vale muito a pena. Importantes obras da pintora estão reunidas, como seu trabalho mais conhecido, o Abaporu (1928). Ao todo são 92 obras com seu traçado único, trazendo as perspectivas da pintora sobre a época que viveu. Longeva, ela nasceu em 1886 e faleceu aos 87 anos em São Paulo.
Em suas obras o resgate de outros tempos e a constatação que o passar dos anos não trouxe mudanças tão radicais como se poderia imaginar para o Brasil e seu povo. Um exemplo o quadro “Segunda Classe”, confirmando a desigualdade persistente no país desde outros tempos.
A visita também me lembrou do brilhante trabalho da atriz Eliane Giardini, que deu vida a pintora na minissérie “Um Só Coração”, exibida pela Globo em 2004. Tarsila foi casada com o escritor Oswald de Andrade e amiga de Mario de Andrade, mas não era foi isto que a fez uma das mais importantes pintoras do país. Foi seu trabalho, sua percepção de pessoas, lugares e do momento histórico, bebendo na mesma fonte dos amigos, no conceito de antropofagia, deglutindo a arte importada para transformá-la em verdadeiramente brasileira “Sinto-me cada vez mais brasileira: quero ser a pintora da minha terra”, também destaca um dos textos da exposição.
A curadoria de “Tarsila popular” é de Fernando Oliva, curador do Masp, e Adriano Pedrosa, diretor artístico do museu. Os ingressos custam R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia-entrada para estudantes, pessoas acima de 60 anos, professores, pessoas com deficiência). O Masp fica na Avenida Paulista, 1.578, Bela Vista, São Paulo – próximo da estação de metrô Trianon-Masp.