O grupo Trabalho 60+ movimentou a Livraria Cultura, em São Paulo, no sábado, dia 19 de outubro, com um flash mob e roda de conversa. Com versos de Gonzaguinha, Roberto Carlos, Adoniran Barbosa, Caetano Veloso e Raul Seixas, eles surpreenderam o público com a intervenção musical. E para o bate-papo, convidados como Beltrina Corte, jornalista que atua na gerontologia social e na divulgação científica com o Portal do Envelhecimento (acesse aqui).
Quem puxou o coro para o flash mob foi o psicólogo Jaime Cleto (saiba mais sobre ele no link) com “O que é, O que é?”, de Gonzaguinha: “Eu fico com a pureza da resposta das crianças, é a vida, é bonita e é bonita”. E logo integrantes do Trabalho 60+ espalhados pela Livraria Cultura o acompanharam. O repertório teve ainda “É preciso saber viver”, de Roberto Carlos; “Trem das Onze”, de Adoniran Barbosa, e terminou com o refrão de “Eu nasci há dez mil anos atrás”, de Raul Seixas.
Preparativos para o flash mob Música na Livraria Cultura
“Nós estamos testando novas variáveis. Hoje nós fizemos uma experiência com música circular, modificamos algumas músicas, introduzimos um instrumento (ukulelê). A gente está sempre inovando e testando novas coisas”, explicou ao blog Ary Filler, integrante do grupo Trabalho 60+.
Segundo Jaime, o primeiro flash mob aconteceu no início do ano e antes da Livraria Cultura, o último foi feito na Longevidade Expo+Fórum (veja matéria sobre a feira aqui). “O flash mob é um ponto de divulgação de que o grupo existe. Uma divulgação com impacto mostrando que pessoas acima de 60 estão aqui com alegria. A ideia é chegar e mostrar que ainda há muita vida pela frente”, destaca o psicólogo, que participa do grupo embora ainda não tenha completado 50.
Roda de conversa
Depois do flash mob, foi realizada a roda de conversa. Pelo grupo Trabalho 60+ participaram Ary Filler, Martha Kastrup, Eduardo Meyer e Márcia Cabral. E Beltrina Corte, que além de jornalista é professora da PUC-SP e líder do grupo de pesquisa Longevidade, Envelhecimento e Comunicação certificado pelo CNPq, trouxe mais duas convidadas. A assistente social e especialista em desospitalização Ana Michela Lista Merchan e a advogada Natália Verdi, ambas mestres em Gerontologia Social pela PUC-SP. Natália tem o blog Direitos do Longeviver, no Portal do Envelhecimento (clique aqui).

Para Beltrina, o envelhecer é uma escolha social e não individual. “A gente não envelhece se a gente morre, então é preciso viver e saber viver. E para viver sempre tem algumas pessoas que falam que envelhecer é uma escolha individual e não é bem assim. Envelhecer é uma escolha social porque não depende só de mim. A gente sabe que 70% do ambiente é responsável pelo nosso envelhecimento, então o acesso que a gente tem à educação, à saúde vai definir o modo em que a gente vive”, explicou no evento.
Outro ponto levantado por Beltrina foi a pluralidade das velhices, pois cada um vive uma experiência diferente de envelhecimento. E sobre os muitos termos usados, ela lembrou o artigo “’Com que roupa’ eu vou envelhecer?”, publicado na revista mais 60 – Estudos sobre Envelhecimento, em abril de 2018 (acesse aqui). Indiferentemente da “roupa”, ou seja, do termo que se escolha, como ela diz no artigo, o importante é ser protagonista, se sentir confortável ante o longeviver, aprender a não ter vergonha de envelhecer.
Natália chamou a atenção para a complexidade de uma população que envelhece sem consciência dos direitos. Mas, para ela uma mudança é possível, dependendo de políticas públicas com foco no respeito à vontade e autonomia dos idosos e de pessoas se engajando. Porém, tudo começa pela educação.

Ana Michela também ressaltou a importância do protagonismo, que leva como um mantra. Segundo ela, em seu trabalho com desospitalização nos últimos 15 anos, os pacientes idosos são geralmente destituídos de seus direitos. E eventos como a roda de conversa são sementes para que isto mude.
Grupo
Os integrantes do Trabalho 60+ destacaram suas atividades, as reuniões semanais, e como encaram o envelhecimento. Para Ary Filler, nem bengalista, nem maratonista, eles querem ser protagonistas, com saúde física, mental, emocional, espiritual e financeira. O veneno do sênior, segundo ele, é o isolamento, por isso a importância da escuta, convivência e de uma atividade produtiva prazerosa e remunerada.
E a avaliação de todo evento foi muito positiva. Para Ary, foi um evento histórico. “A Livraria Cultura é um lugar simbólico, super bacana. A gente consegui fazer um flash mob e fizemos a roda de conversa que foi muito legal com a Beltrina e outras participantes. Um papo gostoso. A gente gosta disso, trocar ideia, ouvir, sempre com aquelas palavrinhas que a gente repete toda hora: saber ouvir, saber escutar, trocar, a força do grupo. Nada se faz sozinho”, disse Ary ao blog. A expectativa é que o evento tenha continuidade e quem sabe seja realizado mensalmente na livraria.
O grupo se reúne às segundas-feiras no espaço NISS, na rua Capitão Cavalcanti, 171, no bairro Vila Mariana, em São Paulo. E também realiza o Loungevidade que já foi tema de matéria no blog. Na foto principal, integrantes do grupo e convidados. Saiba mais sobre o trabalho do grupo Trabalho 60+ no site e acompanhe nas redes sociais Facebook e Instagram. Também é possível acessar a agenda de atividades e com outros eventos de interesse dos 60+ pelo link. (Katia Brito)