Nova Maturidade

Violência contra a pessoa idosa continua crescendo no Brasil

O ano termina com destaque para o aumento da violência contra a pessoa idosa. Em dezembro quase 10 mil policiais civis atenderam a 13,9 mil idosos vítimas de violência no Brasil durante a Operação Vetus. Os dados finais do trabalho, realizado em parceria entre o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) e o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), foram apresentados no dia 16 de dezembro. A operação foi deflagrada em 4 de dezembro.

O secretário de operações integradas do MJSP, Jeferson Lisboa, na divulgação dos dados finais ressaltou a importância do trabalho inédito e integrado para repressão de crimes graves contra os idosos. Ao todo, a operação Vetus teve 569 pessoas presas, 14.907 visitas realizadas, 3.703 inquéritos instaurados, 2.801 termos circunstanciados e 874 medidas protetivas cumpridas. Foram 13.424 denúncias de violência contra idosos apuradas em todo o país.

O titular da Secretaria Nacional de Direitos da Pessoa Idosa, Antonio Costa, afirmou na ocasião que, em resposta à Operação Vetus, a pasta tem implementado um banco de dados em parceria com a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH) “Além disso, nós vamos entregar o Pacto Nacional de Implementação dos Direitos das Pessoas Idosas”, prometeu.

A primeira reunião sobre o Pacto Nacional ocorreu no dia 15 de dezembro no Rio Grande do Sul. De acordo com o gestor, a ação irá fortalecer os conselhos de direitos da pessoa idosa, além de incentivar a criação de fundos municipais e estaduais.

Visibilidade

Na reunião, a delegada de proteção ao idoso Isilda Vidoeira, salientou a importância da operação para a visibilidade da pauta da violência contra o idoso. Ela entregou uma carta com sugestões para políticas para o idoso à ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves. O documento, assinado por 167 delegados, tem recomendações para as três esferas de poder.

Aumento

A Operação Vetus utilizou denúncias do Disque 100 para prender agressores de idosos. A quantidade de casos de violações envolvendo pessoas idosas subiu mais de 70% nos primeiros nove meses deste ano. Os registros passaram de 36.181 em 2019 para 62.109 em 2020. Os dados consideram períodos até setembro de cada ano. As informações foram levadas pelo Ministério da Família para o Ministério da Justiça, que iniciou a operação em 1º de outubro de 2020.

As denúncias de violência contra a pessoa idosa podem ser feitas pelo Disque 100, que agora conta também com o serviço de WhatsApp. Para denunciar, basta mandar uma mensagem para o número (61)
99656-5008. Outras opções são o Aplicativo Direitos Humanos Brasil, onde as denúncias também podem ser feitas de forma identificada ou anônima. Ou ainda pelo site da Ouvidoria; Telegram, bastando digitar “Direitoshumanosbrasil” na busca do aplicativo, e o e-mail: ouvidoria@mdh.gov.br.

Mobilização

Tania Machado - Movimento Somos60+

ara Tania Machado (foto: Divulgação), empresária, empreendedora no setor de saúde e fundadora do Movimento Somos 60+, é preciso engajar a sociedade e especialmente os jovens em relação aos direitos do idoso, afinal eles serão os idosos de amanhã. Ela cita o Dia Mundial de Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa, no dia 15 de junho, que representa um dia do ano em que a comunidade nacional e internacional se une contra o abuso e sofrimento das gerações mais velhas.

O abuso contra idosos é um tabu subestimado e ignorado, segundo Tania, que lembra uma declaração do diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, sobre o sofrimento incalculável para pessoas idosas em todo mundo com a pandemia de Covid-19, principalmente para aqueles que vivem em maior risco de pobreza, discriminação e isolamento, impacto devastador.

Entre os vários tipos de violência, a fundadora do Movimento Somos 60+ cita o abandono, que é considerada uma forma extrema de negligência, com ausência ou omissão dos familiares responsáveis de prestarem socorro ao idoso que precisa de proteção. Há ainda a violência física, sexual, financeira e patrimonial, e a psicológica que é mais sutil, por meio de constrangimentos e proibição de visitas de amigos e familiares, por exemplo.

A solução, de acordo com Tânia, está está na mobilização, tendo a imprensa como importante espaço de discussão. Ela afirma que todos vamos
envelhecer e é preciso conhecer nossos direitos e definir como queremos estar nos próximos 10, 20, 30 anos. “Envelhecer envolve conjunto de
situações, envolve famílias, vizinhos, amigos, colegas de trabalho, toda a
sociedade”, finaliza.

(Fonte: Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos / Imagem principal de Dewald Van Rensburg por Pixabay)

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