Vem aí mais uma Virada da Maturidade, a quinta edição do evento que vem se consagrando com um grande festival pelo protagonismo da pessoa idosa com atividades gratuitas e abertas ao público em geral, não só aos idosos. E a Virada da Maturidade 2020 promete ser ainda maior. A perspectiva é de mais de 400 atividades, ocupando mais de cem espaços da cidade de São Paulo para receber os 30 mil visitantes esperados pelos organizadores. Em 2019, foram 19 mil pessoas e no total das quatro primeiras edições mais de 60 mil beneficiários. E salve a data, em 2020, serão três dias: de 28 e 30 de maio de 2020, com o tema “Sociabilidade não tem idade”.
Em 2019, foram 19 mil pessoas e no total das quatro primeiras edições mais de 60 mil beneficiários. E salve a data, em 2020, serão três dias: de 28 e 30 de maio de 2020, com o tema “Sociabilidade não tem idade”.
A grande novidade deste ano como destacou a co-fundadora Fernanda Gouveia no evento de lançamento na terça-feira, dia 15 de outubro, na Unibes Cultural, são os embaixadores da Virada. Os primeiros são a blogueira Marie Claire Blatt, 80 anos; o ator Carlos Moreno, 65; a professora Ausonia Donato, 74, e a jornalista e apresentadora de TV, Sílvia Poppovic, 64. A proposta é que auxiliem na divulgação do evento e tragam ainda mais credibilidade a iniciativa.
“São quatro pessoas 60+ com experiências de vida e perfis de envelhecimento completamente diferentes, e todos eles têm a cara da Virada, porque a Virada é isso, é trabalhar a heterogeneidade desse momento da vida e preparar as pessoas para lidar com esse momento da vida com todos os seus desafios e potencialidades”, ressaltou Fernanda.
Marie Claire e Carlos Moreno estavam presentes no evento de lançamento. Para Marie Claire o convite feito no palco por Fernanda Gouveia foi uma surpresa. “Eu estou muito emocionada. Acho que essa noite vai ser difícil de ser dormida. Eu estou engajada desde sempre, engajada em participar, em divulgar, em trazer mais gente, fazer outras coisas. Isso para mim é muito importante porque eu acredito que o velho não pode ficar nos aposentos, ele tem que ser incentivado a sair”, afirmou. Marie, entre muitas outras atividades, mantém o blog Palavreando (acesse aqui) e também foi uma das alunas do curso Profissão Repórter 60+, que já foi tema de matéria no blog (leia no link).
Para a embaixadora da Virada da Maturidade 2020, é importante sair de casa e enfrentar o mundo. “Quando a gente chega a uma certa idade é muito difícil fazer amizade, continuar ativo como antigamente quando jovem, mas tem que incentivar porque nós somos um mundo que vai envelhecendo. Precisamos fazer os outros entenderem que a vida não fica apenas em quatro paredes, temos que ir além, ir pra fora. Temos uma vida ainda a viver, aquilo que foi passou, daqui pra frente temos uma nova vida”, destacou Marie.
No evento também foram anunciadas as parcerias já confirmadas com a Unibes Cultural, a USP Aberta à Terceira Idade, Instituto Energia, Projeto Velho Amigo, Sesc, governo do Estado de São Paulo, Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania da Prefeitura de São Paulo, Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), PUC-SP, entre outros.
As inscrições para voluntários, pessoas físicas e empresas públicas ou privadas que queiram participar oferecendo atividades, espaços, grupos, estrutura e divulgação serão abertas em novembro. As atividades propostas passam pela avaliação de curadores parceiros, como a SBGG. A Virada da Maturidade 2020 também busca apoiadores e patrocinadores. Saiba mais no site.
Bate-papo
O lançamento da Virada da Maturidade 2020 também foi marcado pelo bate-papo “Sociabilidade & Políticas Públicas”, comandado pela jornalista Lina Menezes, do programa Faz Muito Bem 50+, exibido pela TV Câmara SP. Participaram Sandra Regina Gomes, coordenadora de Políticas para a Pessoa Idosa da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo; Claudia Fló, coordenadora da área de Saúde do Idoso da Secretaria de Estado da Saúde, e Fernanda Gouveia. Na foto principal, Sandra, Claudia, Lina e Fernanda.
Um dos temas foram as Blue Zones, conceito que surgiu na Itália em 2004 e se refere aos lugares onde as pessoas têm uma maior longevidade e qualidade de vida. E o que contribui para uma vida melhor e mais longeva? Uma alimentação saudável, atividade física, propósito e, principalmente, a convivência social. Entre as Blue Zones estão a ilha de Ikaria na Grécia, Okinawa no Japão, a península de Nicoya na Costa Rica e aldeia de Loma Linda, no sul da Califórnia (Estados Unidos). Veja mais nesta reportagem do Estadão. Acesse o link.
Sandra Gomes abordou os desafios do envelhecer na cidade de São Paulo que, segundo ela, também tem seus pontos azuis, onde a longevidade é melhor vivida. O município conquistou em dezembro do ano passado o Selo Inicial de Cidade Amiga do Idoso, concedido pelo governo do Estado.
Sandra citou como exemplo de ponto azul na capital um grupo de uma unidade de saúde do bairro São Mateus, na Zona Leste. Eles se uniram para lutar pela implantação de serviços, orientar a comunidade sobre direitos, além de promover a convivência social. Claudia Fló também afirmou que há ilhas acontecendo pelo Estado e que a Virada permite que estas ilhas aflorem. Depois do bate-papo, uma bela apresentação de dança com o casal Valentina, de 68 anos, e Johnny, de 75.
Política pública
A Virada da Maturidade, segundo Sandra, é uma política pública, pois é democrática, participativa e inclusiva. “É uma questão social as pessoas pararem para pensar no envelhecimento e em como lidar com este processo. A Virada acaba tendo essa função que a gente discutiu hoje (dia do lançamento) de políticas públicas porque ela agrega, ela é democrática, é gratuita. Ela faz a gente parar para pensar sobre mudanças que são muito importantes para a sociedade como um todo”, disse Fernanda ao blog.
E uma das bandeiras da Virada é o combate ao preconceito pela idade. “De modo geral o ageísmo que é esse preconceito contra a pessoa por conta da idade é um movimento que mostra que as pessoas acham que ser velho, estar idoso é uma condição só de perda porque existe uma comparação muito grande entre o idoso e o jovem. Fica uma comparação que ele não é mais jovem, e claro que ele não é mais jovem, ele é idoso”, salientou Fernanda.
Para a co-fundadora da Virada, a velhice é outro momento da vida com outras potencialidades: “O que a gente quer é explorar essas potencialidades para que as pessoas possam lidar com sua sociabilidade, com seus relacionamentos, com as suas atividades, com a sua saúde da forma mais plena que for possível”, completou.
Expectativas
São grandes as expectativas para a Virada da Maturidade 2020. “A gente tem a expectativa de estar construindo para que a gente consiga fazer uma Virada com mais atividades, com mais estrutura, e para que a gente possa oferecer para a cidade muitas oportunidades de vivência como o grande festival que a Virada é”, explicou Fernando Seacero, co-fundador da Virada da Maturidade.
Outro ponto é a melhor estruturação da iniciativa, especialmente na questão de apoios e patrocínios. “Dessa vez a gente vai organizar melhor, porque acho que das últimas vezes nosso foco nunca foi muito esse, foi mais conseguir captar o valor suficiente para a Virada acontecer. Nesse ano a gente tem o foco de conseguir captar um pouco mais de recursos para ficar com uma Virada melhor, embora este não seja o nosso foco principal”, afirmou Fernando.
A expansão para outras cidades e Estados não é um projeto para agora, segundo Fernando: “Acho que depois dessa Virada (2020) a gente vai saber se vai querer expandir, porque nessa Virada a gente vai consolidar a estrutura, como se organiza, quem são os embaixadores, como é nossa relação com o poder público e até checar se a gente tem braço para isso. Depois a gente vai conseguir de fato expandir para outras cidades, porque vontade a gente tem muito. Em Santos, inclusive, já acontecem coisas da Virada”.
Os fundadores da Virada da Maturidade, Fernando Seacero e Fernanda Gouveia são psicólogos e se conheceram ainda na faculdade. Embora trabalhem em áreas diferentes, ele com desenvolvimento de games e ela como professora da área clínica hospitalar, o interesse pela longevidade os uniu e deu vida a Virada da Maturidade. (Katia Brito)