A comemoração dos aniversariantes do mês da Vila Dignidade, condomínio exclusivo para pessoas idosas, em Mogi das Cruzes, ganhou novas cores e risos desde maio, com a participação dos doutores palhaços do projeto Julio Cidadão, do Instituto Julio Simões. No dia 27 de agosto, a festa foi para os aniversariantes do mês: Neide Aparecida Sant’Ana que fez 70 anos, Maria Assunção de Paiva comemorou 76, Antônio Vitor de Lima completou 75, e no dia, Terezinha José Pereira fez 72.
Neide está desde a inauguração da Vila Dignidade, em 2015. Sem filhos ou familiares próximos, ela contou que encontrou no local uma família. Também participa de grupos e frequenta outros equipamentos voltados a pessoas idosas, como o Pró-Hiper.
Outro morador, Florisvaldo Anatolio Rodrigues, 72, por problemas na família passou um período em situação de rua, até que uma pessoa da igreja que frequenta o encaminhou para um abrigo, onde foram sorteadas três casas da Vila, e ele foi um dos beneficiados.
A Vila Dignidade é uma iniciativa do governo estadual, que atualmente tem o nome de Vida Longa, e proporciona moradia para idosos de baixa renda, com vínculos familiares fragilizados ou rompidos, que não possuem imóvel próprio e são independentes. A administração cabe à prefeitura, e desde a posse da nova gestão, a coordenadora é a assistente social Camilla Cristina Taceli.
Na unidade mogiana, são 22 casas, e 21 idosos residentes. O local foi reconhecido recentemente pela organização espanhola Fundación Pilares, como exemplo de boas práticas em serviços públicos.
Voluntários
A festa é um presente para os idosos, e também para os doutores palhaços, que passam por um curso de formação antes de atuarem nos locais. O grupo, segundo a coordenadora Rosane Ferreira, que é analista de projetos do Instituto Julio Simões, também visita semanalmente o Centro Dia da cidade e a Santa Casa. Embora ligados ao Instituto, nem todos continuam funcionários do grupo, como é o caso de Nair Alice Stamoglou, a Dra. Penne Flor, que se desligou da empresa, mas não do voluntariado.
“A gente quando vem pra cá está doando algo que é nosso para as pessoas, e é tão pouco, e ao mesmo tempo, é muito, que é a nossa alegria, empatia, ouvido, coração, força de vontade. É uma emoção toda vez que a gente vem, por que a gente nunca sabe o que vai esperar”, contou Nair.
Criada pelos avós, Nair já convivia com pessoas idosas: “Para mim estar novamente com idosos resgata algo que eu queria muito, me traz lembranças afetivas muito boas, porque eu vou envelhecer, a cada dia eu estou envelhecendo, e eu quero um dia, se eu puder escolher, ter pessoas que façam por mim, o que eu estou fazendo pelos outros”.
Para Nair, com crianças todo mundo quer brincar, mas o idoso é diferente: “Ele é especial, é uma pessoa vivida. A gente se diverte muito com eles e eles acabam se divertindo com a gente também”.
Emoção compartilhada com outros doutores, como Jorge Sabainsk, Dr. Capeluja, que brinca que se pudesse não tirava mais a caracterização de palhaço. “É meio que um filme antigo que vai passando na sua cabeça, conversando, interagindo com eles. Minha faleceu e fui criado pelos meus avós. Não tenho hoje vínculo com pessoas idosas, e aqui me traz lembranças da infância, experiências me remetem a um filme. Não tem sensação que descreva o que eu sinto, é muito bom, muito acolhedor”, disse.
“A gente ganha mais do que doa, é muito gratificante esse trabalho. É um amor imenso”, completou Maria Eduarda Vardiani, a Dra. Pizzara.
*Texto desta jornalista Katia Brito, publicado originalmente no Portal News e na página Maturidade do jornal impresso Mogi News/Dat