O futebol vai muito além de uma modalidade esportiva, representa também inclusão social, socialização, saúde física e mental. Para quem achava que com a idade não poderia mais estar nos campos, é hora de conhecer a Walking Footbal Brasil (WFB), que trouxe para o país o futebol adaptado para pessoas idosas.
Ricardo Leme, um dos fundadores da WFB e diretor-executivo, conta que a modalidade surgiu em 2011 na Inglaterra e se popularizou em 2014. Presente em 16 países, chegou ao Brasil em 2016. Desde então Ricardo e os fundadores Raoni Biasucci (diretor-presidente da WFB), Daniel Castro (diretor de Operações), Lucas Souza (diretor LAB) e George Xavier (diretor de Projetos) se dedicam ao desenvolvimento do esporte no Brasil. Eles contam com a experiência técnica do profissional de educação física, prof. Demerval de Souza.
A equipe vem trabalhando não apenas para replicar as regras da modalidade internacional, mas para adaptá-la à heterogeneidade do envelhecimento no Brasil. “Procuramos entender os pilares do envelhecimento ativo e trazer para a organização, beber na fonte do professor Alexandre Kalache, olhar a complexidade e vulnerabilidade da população 60+, os contextos socioculturais”, destaca Ricardo.
Diferenciais
O walking football se joga caminhando, com regras que diminuem impactos e lesões comuns ao esporte, o que o torna mais inclusivo para os 60+. A modalidade, segundo Ricardo, estimula a cooperação em campo e coloca todos no mesmo nível de jogo. São permitidos entre cinco e sete jogadores em cada equipe e as partidas têm em média 10 minutos, disputadas em quadras poliesportivas ou campos de futebol society.
Outro destaque da modalidade é a participação de mulheres. Um decreto de 1941 proibiu que elas jogassem futebol no Brasil, o que só foi revogado em 1979. “É um processo inclusivo muito importante. Muitas mulheres jogam pela primeira vez”, salienta Ricardo.
A modalidade também contribuiu para aproximar os homens dos núcleos de convivência. Uma oportunidade para aqueles que sempre jogaram, assim como para os que não tinham tanta habilidade e eram excluídos das partidas. Há ainda a possibilidade da criação de vínculos com diferentes gerações.
Walking Football Brasil
A Walking Football Brasil existe como organização da sociedade civil sem fins lucrativos desde 2019. A constituição jurídica contou com a parceria do escritório de advocacia Machado Meyer. Até 2020, antes da pandemia de covid-19, foram realizados sete eventos em diferentes organizações na região da Grande São Paulo, atraindo cerca de 400 participantes.
Também em 2020 houve uma convocatória prévia para selecionar organizações que receberiam a modalidade, trabalho que deve ser retomado em 2022. Nos planos para o futuro também estão fortalecer a equipe de profissionais, a criação de novos núcleos, montar um time competitivo para disputar com outros países e capacitar equipes locais.
A proposta é trabalhar em três eixos: conhecimento ao longo da vida, cultura e esporte, mesclando a prática da modalidade com temáticas transversais ao envelhecimento e atividades intergeracionais. A WFB é parceira do Museu do Futebol, e em conjunto com o projeto Revivendo Memórias, durante a pandemia, promoveu lives e encontros virtuais, debatendo não apenas o esporte, mas também a ressignificação do envelhecimento e o combate ao preconceito etário, o idadismo.
Embora tenha o trabalho reconhecido pelo segundo ano consecutivo, 2020 e 2021, pelo Selo de Direitos Humanos e Diversidade do município de São Paulo, o grande desafio é atrair o investimento social privado. A WFB atualmente está captando recursos para concretização de três projetos aprovados em leis federais de incentivo, que permitirá atuar em nove núcleos de quatro cidades. Mas ainda falta um olhar das empresas para apoiar e aportar projetos sociais com foco no público idoso, como bem ressalta Ricardo. Saiba mais a WFB no site da organização.